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sábado, 25 de junho de 2011

Emir Sader: A rebeldia dos jovens que tanta falta nos faz

Mais uma vez me contemplou e contemplou o @movmudanca.


Blog do Emir Sader

Entre tantas frases estimulantes e provocadoras que as rebeliões populares no mundo árabe e agora na Europa, essencialmente protagonizada por jovens, fizeram ecoar pelo mundo afora, a que mais nos incomoda – com toda razão – é aquela que diz: “E quando os jovens saíram às ruas, todos os partidos pareceram velhos.”
Aí nos demos conta – se ainda não tínhamos nos dado – da imensa ausência da juventude na vida política brasileira. O fenômeno é ainda mais contrastante, porque temos governos com enorme apoio popular, que indiscutivelmente tornaram o Brasil um país melhor, menos injusto, elevaram nossa autoestima, resgataram o papel da política e do Estado.
Mas e os jovens nisso tudo? Onde estão? O que pensam do governo Lula e da sua indiscutível liderança? Por que se situaram muito mais com a Marina no primeiro turno do que com a Dilma (mesmo se tivessem votado, em grande medida, nesta no segundo turno, em parte por medo do retrocesso que significava o Serra)?
A idade considerada de juventude é caracterizada pela disponibilidade para os sonhos, as utopias, a rejeição do velho mundo, dos clichês, dos comportamentos vinculados à corrupção, da defesa mesquinha dos pequenos interesses privados. No Brasil tivemos a geração da resistência à ditadura e aquela da transição democrática, seguida pela que resistiu ao neoliberalismo dos anos 90 e que encontrou nos ideais do Fórum Social Mundial de construção do “outro mundo possível” seu espaço privilegiado.
Desde então dois movimentos concorreram para seu esgotamento: o FSM foi se esvaziando, controlado pelas ONGs, que se negaram à construção de alternativas, enquanto governos latino-americanos se puseram concretamente na construção de alternativas ao neoliberalismo; e os partidos de esquerda – incluídos os protagonistas destas novas alternativas na América Latina -, envelheceram, desgastaram suas imagens no tradicional jogo parlamentar e governamental, não souberam renovar-se e hoje estão totalmente distanciados da juventude.
Quando alguém desses partidos tradicionais – mesmo os de esquerda – falam de “políticas para a juventude”, mencionam escolas técnicas, possibilidades de emprego e outras medidas de caráter econômico-social, de cunho objetivo, sem se dar conta que jovem é subjetividade, é sonho, é desafio de assaltar o céu, de construir sociedades de liberdade, de luta pela emancipação de todos.
O governo brasileiro não aquilata os danos que causam a sua imagem diante dos jovens, episódios como a tolerância com a promiscuidade entre interesses privados e públicos de Palocci, ou ter e manter uma ministra da Cultura que, literalmente, odeia a internet, e corta assim qualquer possibilidade de diálogo com a juventude – além de todos os retrocessos nas políticas culturais, que tinham aberto canais concretos de trabalho com a juventude. Não aquilata como a falta de discurso e de diálogo com os jovens distancia o governo das novas gerações. (Com quantos grupos de pessoas da sociedade a Dilma já se reuniu e não se conhece grandes encontros com jovens, por exemplo?)
Perdendo conexão com os jovens, os partidos envelhecem, perdem importância, se burocratizam, buscam a população apenas nos processos eleitorais, perdem dinamismo, criatividade e capacidade de mobilização. E o governo se limita a medidas de caráter econômico e social – que beneficiam também aos jovens, mas nãos os tocam na sua especificidade de jovens. Até pouco tempo, as rádios comunitárias – uma das formas locais de expressão dos jovens das comunidades – não somente não eram incentivadas e apoiadas, como eram – e em parte ainda são – reprimidas.
A presença dos jovens na vida pública está em outro lugar, a que nem os partidos nem o governo chegam: as redes alternativas da internet, que convocaram as marchas da liberdade, da luta pelo direito das “pessoas diferenciadas” em Higienópolis, em São Paulo, nas mobilizações contra as distintas expressões da homofobia, e em tantas outras manifestações, que passam longe dos canais tradicionais dos partidos e do governo.
Mesmo um governo popular como o do Lula não conseguiu convocar idealmente a juventude para a construção do “outro mundo possível”. Um dos seus méritos foi o realismo, o pragmatismo com que conseguiu partir da herança recebida e avançar na construção de alternativas de politica social, de politica externa, de políticas sociais e outras. Os jovens, consultados, provavelmente estarão a favor dessas políticas.
Mas as mentes e os corações dos jovens estão prioritariamente em outros lugares: nas questões ecológicas (em que, mais além de ter razão ou não, o governo tem sistematicamente perdido o debate de idéias na opinião pública), nas liberdades de exercício da diversidade sexual, nas marchas da liberdade, na liberdade de expressão na internet, na descriminalização das drogas leves, nos temas culturais, entre outros temas, que estão longe das prioridades governamentais e partidárias.
Este governo e os partidos populares ainda têm uma oportunidade de retomar diálogos com os jovens, mas para isso têm de assumir como prioritários temas como os ecológicos, os culturais, os das redes alternativas, os da libertação nos comportamentos – sexuais, de drogas, entre outros. Têm que se livrar dos estilos não transparentes de comportamento, não podem conciliar nem um minuto com atitudes que violam a ética pública, tem que falar aos jovens, mas acima de tudo ouvi-los, deixá-los falar. Com a consciência de que eles são o futuro do Brasil. Construiremos esse futuro com eles ou será um futuro triste, cinzento, sem a alegria e os sonhos da juventude brasileira.
Emir Sader, sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP – Universidade de São Paulo.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

REVOLUÇÃO E A NORMALIDADE CONSTITUCIONAL


Miguel Reale publicou este artigo em 1966, logo após o golpe militar Brasileiro de 1964. Neste texto, o autor provoca o leitor para buscar uma fundamentação e justificativa de poder a nova ordem constitucional imposta pelo regime: A da sobreposição da constituição de 1946 pelos Atos Institucionais, onde através deles, a nova norma fundamental passa a ser seguida, dando poderes constituintes a um novo grupo diferente da Assembléia, chamado “Comando Supremo da Revolução”.

Esse fato resolve o problema de uma normalidade formal constitucional mas não consegue resolver o problema da normalidade constitucional in concreto, o que em sua análise só é possível através da auto-afirmação de nossos valores próprios, enriquecendo os valores universais e nestes, nos inserindo com consciência plena de nossa autonomia cultural.

Reale se “afasta” do julgamento de mérito como KELSEN e traz a tona a nova idéia de poder constituinte instituído pelo regime que é diferente do adotado pela constituição de 1946, mas que se justifica como sendo legitimo, por representar os verdadeiros interesses da nação naquele dado momento histórico, revestindo-se dos valores necessários para tornar a revolução a verdadeira inspiradora da norma fundamental.  

Sendo assim, apesar de o modelo de criação do novo modelo jurídico não ser a Assembléia Constituinte, é plenamente aceitável e justificável que se apresente os atos institucionais como normas hierarquicamente superiores a constituição de 1946 (por serem normas disciplinadoras de um novo poder constituinte) e ao mesmo tempo normas complementadores ao “vazio legal” que a agora velha constituição tem perante aos anseios daquele período revolucionário, haja vista sua temporalidade e extraordinariedade necessária para  a legitimação do próprio regime na sociedade.

Para justificar tal preceito, Reale afirma a necessidade de se caracterizar as relações existentes entre Revolução e o Direito.  Para ele Revolução é a ruptura da ordem jurídica e o Direito é a tentativa de adaptar esta nova ordem política ao Sistema, jamais se deixando confundir as duas concepções para que o direito não atrapalhe a vontade da nação de instalar uma nova ordem que defenda o país “dos esquerdistas, reacionários e subversivos”.

O que fica difícil mensurar é como definir os “reais interesses da nação” num dado momento histórico sem passar por uma ampla e irrestrita consulta democrática de instalação de representantes do povo para a confecção de um novo regime, haja vista que só ele, O Povo, é quem pode definir os interesses de sua própria Nação.

Para desconstruir esta idéia, sem fugir da linha doutrinária acadêmico-positivista, Ferreira Filho afirma que num momento revolucionário, o direito também se torna revolucionário e “assume uma posição de Revolução Jurídica que seria a modificação anormal da ordem jurídica e a alteração contra a normalidade por ela própria prevista.”

Não é possível achar que o direito nada tem a ver com a realidade dos fatos, e nada deve intervir para defender que os trâmites que garantem o Estado democrático, sejam garantidos.

Reale naquela época ainda não era defensor do Estado democrático de Direito. Talvez morreu preferindo o Estado de Direito do que o Democrático. Imaginar isso é a única forma que se tem para aceitar que

“ Não se pode excluir a hipótese de revoluções que se legitimem a posteriori, procurando , após o emprego material da força, interpretar aquilo que fora apenas vagamente intuído no instante decisivo da fratura do primitivo ordenamento constitucional.”

Sob essa máxima e apoiado em Kelsen, Reale afirma que não cabe ao jurista entrar na análise ético-política do fato originário da legalidade dos Atos institucionais e de seu poder constituinte.

Para ele, a Revolução em si rompe com a ordem jurídica e cria uma nova norma fundamental para guiar todo o processo de formação jurídica desse novo regime a um tal ponto em que é possível inclusive modificar a emanação do poder constituinte da Assembléia  eleita pelo povo, e colocá-lo na mão de novos atores, tal como o Comando Supremo da Revolução e dos Atos Institucionais por ele editados, afim de garantir a legitimação da revolução necessária para aquele dado momento do país.

Tudo isso tem como objetivo resolver o problema enfrentado pelo País com a implantação do “Regime Civil-Militar” de normalidade constitucional jurídico-formal.

Entretanto, há que se perguntar como fazer para resolvermos os efeitos da normalidade constitucional em sua concretude? Qual a relação entre a Revolução (Fenômeno Social) e o Poder Constituinte?

Reale não nos dá a resposta, mas faz alguns apontamentos importantes para aquele dado momento histórico em que o Brasil estava vivendo o estopim de décadas de luta por uma identidade, organização federativa, ideologia dominante e concepção de poder.

            Afirma que é preciso resolver nosso pacto federativo, definir qual é a intensidade da centralização da União e da autonomia dos federados, buscar a necessidade de fortalecermos os partidos políticos de forma a termos uma política cada vez mais ideológica e comprometida com projetos coletivos em detrimento de “currais”, entre outros.

Assim, apesar de não afirmar taxativamente, é possível interpretar Reale, na tentativa de demonstrar que só a normalidade constitucional formal não é suficiente para desenvolver um país que se comprometa com um processo revolucionário de ruptura ao passado e olhar para o futuro. Pelo contrário, é preciso buscar e desenvolver mecanismos de eficácia social dos dispositivos legais para assim garantir a legitimação do próprio regime como sendo o “real interesse da nação”.

Posição parecida com a de HABERMAS quando afirma não ser possível a facticidade do discurso valido, se o mesmo não consegue ser eficaz socialmente.

É inimaginável pensar numa revolução que veio para garantir os interesses reais de uma nação, querer expressar estes interesses através de outros mecanismos que não respeitem o modelo constitucional vigente (se for reformista) ou ao menos o Estado Democrático de direito  e a sua real necessidade de chamamento do povo para formular sua nova norma fundamental e assembléia constituinte.

Por fim gostaria de elencar o grau de intensidade das revoluções, definidas pelo Professor Ferreira Filho para que assim possamos identificar através de uma metástase individual, a que nível e apoiado em quais valores o processo de revolução ditatorial civil-militar instalada no país em março de 1964 conseguiu chegar e atingir para que assim possamos perceber o quão necessário é importante garantir a normalidade constitucional in concreto e não a meramente formal que carece de eficácia ético-social, provocando apenas um atraso e um desrespeito a humanidade e a seus direitos fundamentais.
Grau de intensidade das revoluções:
1º é aquele em que há a mera substituição da elite dirigente

Ex: Brasil – substituição do presidente da república em 1954

2º Substituição das regras do jogo político, mas não ocorre mudança da elite dirigente.

3º Há mudanças das regras e da elite dirigente.

4º Traz transformação social e política profunda. Muda-se as regras do jogo político, a elite dirigente, a escala de valores hierárquica, as relações entre os grupos sociais e as relações internacionais.

Ex: Revolução Mexicana, Inglesa, Russa.

5º É a mudança de civilização. Essas revoluções introduzem uma ruptura entre o passado e o futuro, em todos os níveis, em todos os domínios.

Ex: Revolução Chinesa, Revolução de MEIJI no Japão, Revolução Cubana.


Pedro  Teixeira

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Desafios para o 52º CONUNE: O Movimento Mudança na luta pela democratização da Educação brasileira

Tema central para o movimento estudantil, não é necessário falar que Educação é a base da cadeia de discussão política dentro de todo nosso movimento. Desta bandeira há o desdobramento de todas as lutas encampadas pela Gloriosa União Nacional dos Estudantes e o movimento estudantil.

Dentro desta perspectiva, durante anos a UNE e toda a sua rede de militantes e entidades que a compõem, lutam para estabelecer uma educação que possa responder aos anseios de um mundo e de uma sociedade que consiga dialogar para além da ótica de mercado. Uma educação que possa acomodar perfeitamente os anseios libertários do movimento estudantil, o aprendizado técnico e a emancipação da sociedade através da democratização do saber.

Entretanto a ditadura empresarial-militar e a sua repressão frente aos movimentos sociais, que golpeou toda tentativa de progresso e emancipação dos seres humanos, ajudaram a difundir e estruturar o poder do sistema financeiro nacional, o poder midiático de consumo e a coerção do Estado para com os projetos destoantes da elite dominante. Além disso, o neoliberalismo advindo da abertura política e que provocou a dispersão e virtualização da sociedade, o individualismo e a aversão para com toda organização política; trazem um grande desafio para o movimento estudantil e conseqüentemente para a União Nacional dos estudantes.

Principalmente neste novo momento que passamos no Brasil em que a abertura política, o fortalecimentos das instituições, o alargamento da democracia e o crescimento econômico com distribuição de renda que foram conquistados no governo LULA I e LULA II, e que tendem a ser aprofundado no governo Dilma.

Entre os grandes desafios deste novo paradigma que o Brasil vive e que o movimento estudantil e a UNE devem enfrentar ainda neste início de década para que possamos influenciar de fato nos rumos de uma nova sociedade comprometida com o desenvolvimento do país, a distribuição de riquezas e o nivelamento das injustiças com a emancipação do ser humano, estão:

- Reverter o quadro de dispersão social na sociedade envolvendo cada vez mais alunos na luta pela construção da entidade e do movimento estudantil. Isso só será possível quando buscarmos cada vez mais irmos de encontro a cada curso e faculdade deste país para fazer luta desde a base do movimento estudantil, os CA’s e DCE’s, até a União nacional dos estudantes. É preciso pensar também em um novo sistema de eleição da diretoria da entidade, de plenária final e de espaços nacionais de luta e mobilização, que além de serem mais atrativo para o estudante, consigam trazer a luta da universidade no dia-dia, para a pauta nacional. Por isso defendemos as Diretas, só ela poderá resolver nosso problema de aproximação da entidade nacional com o cotidiano dos estudantes.

- Construir uma nova ótica que rompa com a educação tecnicista em que o objetivo final é preparar para o mercado, sendo a universidade apenas um meio para atingir este objetivo e não um fim para a democratização do saber e a emancipação da sociedade;

- Provocar a aprovação de um projeto em que a educação brasileira, em sua política de longo prazo, venha ter cada vez mais espaço para democracia interna, mais recursos pra valorização do magistério, mais espaço para que o estudante se sinta bem dentro da universidade, além da retomada da responsabilidade pelo Estado na educação para que tenhamos cada vez mais universidades públicas e para que o ensino privado seja enfim regulamentado.

A UNE na luta pela aprovação do PNE

Não é possível conseguirmos isso sem que o PNE seja aprovado com as 59 emendas que a UNE encaminhou ao parlamento, principalmente as que destinam 10% do PIB e 50% do fundo social do pré-sal para a educação, expansão do ensino superior em 40% garantindo 60% deste total em matrículas na rede pública, criação do fundo nacional de assistência estudantil com 2% das verbas do MEC para atender a demanda das universidades públicas e 2% do lucro líquido das IES particulares para atender aos seus alunos, a gestão democrática e principalmente a regulamentação do setor privado que vem dia-a-dia transformando a educação em mercadoria e as universidades em empresas transnacionais.

Democratização da Educação já! Por uma educação de todas e de todos nós!

Por isso tudo o Movimento Mudança traz como um grande desafio ao 52º CONUNE que será realizado na cidade de Goiânia entre os dias 13 e 17 de julho, a democratização da educação.

Só uma política educacional que garanta mecanismos democráticos de participação, em que cada comunidade acadêmica possa interferir na política de sua instituição através de mecanismos de consulta como o orçamento participativo, a gestão democrática com eleições em todas as instâncias, além da transparência e publicidade dos atos dados, é que podemos de fato avançar na formulação de uma educação verdadeiramente comprometida com a sociedade. Uma educação que consiga dialogar tacitamente com a rebeldia da juventude e um compromisso de País.

Estamos vivendo um novo ciclo em que o ano de 2011 será definidor para o Brasil que queremos nos próximos 10 ou 20 anos.

Escolher o caminho errado, sem ouvir os estudantes e sem criar mecanismos de ampla participação e democratização da informação tanto na UNE quanto em cada IES do país, levará o Brasil a perder a oportunidade mais esperada de sua história: A revolução através da educação que levará o ser humano e não o capital a ser o centro de qualquer ação, tornando-se um país mais humano, justo e solidário.

Cabe a União Nacional dos Estudantes, neste fórum máximo de sua existência, garantir que todos os estudantes do Brasil, venham pactuar a nossa luta por este novo tipo de educação que queremos ter; Uma educação que além de preparar a sociedade que irá desenvolver o país do futuro, preparará também o ser humano que racionaliza recursos, que pensa o meio ambiente como fator determinante nas suas decisões, que respeita e trabalha lado a lado com as diferenças e minorias, que se vê no outro e que iguale as condições entre os homens.

Sabemos, entretanto, que não será o 52º CONUNE que irá trazer para nós, estudantes brasileiros, todas as respostas por nossos anseios, mas, sem dúvida deverá ser ele quem dará o norte para o caminho que buscamos.

Que venha o 52º CONUNE da UNE, pela democratização da educação e da informação e por uma UNE que consiga agregar as massas estudantis nesta luta!



Movimento Mudança
O importante é o movimento!






São Paulo, Anhangabaú - 13 de abril de 2011

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Análise da Ética e da Justica segundo Kant

Kant se diferencia de Aristóteles e Tomas de Aquino ao conceber uma ética que erige da autonomia da vontade, entenda-se a liberdade, como base inabalável da moralidade. É a vontade que se auto-legisla e confere a si própria a norma do agir moral. A razão é a vontade, é a prática do agir moral. Desta forma pela razão da vontade o homem torna-se senhor de si.

A ética é colocada como norma da moralidade; uma norma imperativa e categórica que vai determinar o agir moral do homem.

Kant tem como objetivo desvencilhar a razão da irracionalidade e trazê-la para um lugar de destaque em que qualquer idéia de justiça e ética passa por ela.

Isso é preciso por que o homem possui em sua raiz um mal (aquele em que sendo o homem finito, esta sujeito as inclinações de sua natureza limitada). Por isso a norma então viria como um imperativo moral para cercar as resistências humanas. A lei seria um dever moral do homem justo.

A questão é que ao contrário de Aristóteles que reconcilia a moral com a sensibilidade, Kant circunscreve a moral ao reino da prática em que a sensibilidade nada tem a ver com as inclinações empíricas. Tanto é que o reino da sensibilidade nunca poderá fornecer um princípio moral universalmente válido.

Para Kant então só a boa vontade ligada a razão é que pode ser considerado algo bom. Kant inclui como imperativo o dever moral, pois, não sendo o homem espontaneamente moral é preciso que haja um comando, e a este se dá o nome de imperativo categórico; uma imposição da vontade de agir conforme o dever.

Para ele, o homem deve agir unicamente segundo a “máxima que te leve a querer ao mesmo tempo que ela se torne lei universal”. Esta máxima por sua vez seriam os princípios práticos, subjetivos de cada sujeito. A partir da ação, ou seja, da expressão de vontade, esta adquire um caráter objetivo, tornando-se uma lei prática.

Moralidade para Kant é a) a vontade livre que se auto-determina conforme as regras que a máxima dá b) a vontade livre só é possível conforme as exigências do imperativo categórico e este por sua vez é quem controla a moralidade das ações objetivas.

A moralidade então é a vontade livre de ser feliz. Dessa forma busca alcançar uma máxima que possa servir de lei universal ou princípio de determinação moral do homem. A única forma para isso seria a atuação legislativa das máximas. A vontade teria em sua forma mais pura a lei, uma vontade subjetiva, expressa em norma, perfeita e que terá seu cumprimento objetivo.

A ética por sua vez, em Kant, tem uma idéia de obediência à lei. O exercício da liberdade é possível desde que se respeite a liberdade de outrem.

Sabe-se também que Kant, igualmente a Aristóteles, ligou o homem a política. Sua diferenciação está na não exigência de virtudes subjetivas para alcançar a justiça, apenas no cumprimento do que a lei delimita como sendo exercício externo de liberdade. Dessa forma aborda a vida política pelo direito, normativamente.

Tendo em vista que todos os homens são livres na mesma profundidade, o grande problema está na administração legal da liberdade humana.

Assim, seria dever dos homens, respeitar a ordem dos princípios dos direitos humanos, aqueles que já são inerentes a ele, e que a ordem legal tem apenas o dever de reconhecê-los e ampará-los com títulos jurídicos.

Dessa forma o homem levaria o Direito ao estado racional do ser, em que as condições que o arbítrio de um, pode unir-se ao arbítrio de outro segundo uma lei universal que é a liberdade, ou seja, a liberdade de um vai até aquele em que a liberdade de outro é preciso coexistir.

 
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 Kant consegue redefinir noções de ética e justiça sendo antropocêntrico. Não busca na transcendência explicações para a realidade humana nem culpa ao homem a razão de nossos problemas, muito pelo contrário, tenda desenvolver através da racionalidade própria e imanente, uma busca por uma ética e justiça social. Seu grande problema é a falta de reconciliação entre a razão e a liberdade do homem, com a sua transcendência. Ao invocar a razão para o homem superior e impor a ele obediência a vontade livre racional e normativa, desconecta este de seu corpo, de sua ligação com aquilo que está fora de sua mera condição. Ao fazer isso, defendendo o normativismo e o enrijecimento do direito natural, Kant imutabiliza as condições inatas do homem, contribuindo para a existência hoje de uma concepção de diretos humanos que não evolui na mesma rapidez que a história do homem, provocando grande disparidade entre o que a lei protege e o que de fato acontece.

domingo, 13 de junho de 2010

O esquecimento do Ser.

Para cumprir a rotina de postagens quinzenais, Aqui Vamos lá... (Essa falta de tempo ainda me mata.)

Gostaria de analisar um tema pouco abordado em nossa humanidade - o seu avanço. Em pleno século XXI, caminhamos fortemente no desenvolvimento de novas ciências e tecnologias, mas, não conseguimos avançar com a mesma velocidade quando o assunto é o ser humano.

Seja pelo advento da Revolução Industrial ou pelo avanço do Capitalismo, nossa sociedade tem cada vez mais caminhado para o isolamento. O próprio John Donne no século XIX já se via preocupado com o isolamento da humanidade ao afirmar que nenhum homem é uma ilha isolada.

A globalização não cumpriu sua promessa de integração social, muito menos de fortificação das pessoas, pelo contrário, apesar de ter aumentado exponencialmente as relações econômicas entre países e homens, esta, proliferou fortemente pensamentos como o de que “tempo é dinheiro” do Sr. Benjamin Franklin. Assim, as pessoas na sua busca por dinheiro, se viram intrinsecamente ligadas a sua ascensão pessoal e se tornaram cada vez mais confusas, individuais e isoladas.


A promessa de que dinheiro traz felicidade se mostrou um engodo. Nunca tivemos tantas doenças da "alma" como stress, depressão, solidão, pânico, desolação.
O preço deste progresso calculado em números é a exclusão dos que estão fora da lógica de mercado, o aprisionamento e frustração da alma e a inversão de valores.
O homem, ao se pautar neste sistema "político-econômico-social" baseado na méritocracia e no pagamento de dinheiro pela produção, coloca de lado o único aspecto que o diferencia do animal - a capacidade de raciocinar e se inter-relacionar.

Quando avançamos em nossas relações econômicas onde a lógica final sempre é o lucro, esquecemos de nossa capacidade única de se integrar com os outros de nossa espécie, pois, tornamos o homem mero adquirente de produto. O ser humano deixa de ser causa e se torna fim. Ele já não mais é homem, apenas número. Não mais se integra, formaliza contratos.

O capitalismo é implacável, não quer saber dos aspectos físicos, econômicos e psicológico do homem, quer lucrar. Assim se preciso for, esquecerá da pessoa humana para recuperar seu capital. Vemos todos os dias pessoas que se suicidam por estarem insolventes e devedoras, que assassinam por dinheiro, que marginalizam os que não são de sua classe, que não se preocupam com a humanidade.

Culpa deles? Não. É a lógica do Capital que torna o homem egoísta, mesquinho e preocupado consigo.  O sistema do lucrar para viver pois só assim é possível, leva as pessoas a tomarem atitudes inerentes a sua vontade.O  instinto do homem, sempre tenderá para colocá-lo  primeiro do que o outro no estado de necessidade, no mundo capitalista  é ou lucro e próspero, ou divido e “quebro”.

Essa concepção de lucro e consumo precisa ser mudada se quisermos resolver o principal problema do homem moderno – a inserção dos excluídos e marginalizados, na sociedade, o resgate do ser, e o fim do mercado capitalista que subjetiva o homem e o torna número, mercadoria, factóide.



                                                                                                                                        Pedro Luiz