quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Amizade? leia você vai se surpreender.

Um dia me perguntei se a amizade existe. Pré-conceituei que na verdade o que existe são pessoas tentando com um nível de falsidade infinitamente alto, agradar a outras.
venha, vou lhe contar uma história.

Quantas pessoas já tiveram um amigo? Não você não entendeu leitor, se respondeu - ah, eu tenho vários.
O que estou falando é daquela amizade onde tudo é recíproco. Os dois se doam um pouquinho, igualmente.
Apostem, isso não é um papo Gay. tztztztzt...
O que quero mostrar é a história dos sonhadores. Especificamente de um garoto que sonhava.
Me deparei com ele algumas vezes, tudo bem; várias vezes e em todas elas encontrei um sonhador.
A raiva batia no peito, latejavam os pulmões e dava uma pontada gélida no coração.
Por quê? Bem, simplesmente ele idealizava um lugar onde todos eram iguais, as pessoas gostariam de ver o bem uma da outra, a confiança podia ser dada ao primeiro encontro e que existia a verdadeira amizade.
Por isso, resolvi que era hora de colocar em teste seus princípios.

Durante anos, a vida do sonhador foi resumida em seus livros. Ele adorava ler. Era mais fácil acreditar nos livros, poder imaginar aquele mundo encantado, as pessoas felizes, os incontáveis animais, cores, tamanhos, formas e exibições contidos numa mensagem, num livro, em um SONHO.

Os pais do sonhador, Um senhor de altura mediana, olhos de peixe morto e boca de papel e uma jovem que fora preparada durante sua infância para se casar. Tinham a idéia de que era preciso segurar seu filho dentro dos livros o maior tempo possível. Eles sabiam que o mundo não era utópico como seu filho idealizava. Sabiam do gosto de fel na boca que muitas vezes seres humanos eram obrigados a amargar calados, sabiam de como o mundo poderia ser colorido e empolgante e ao mesmo tempo cruel para alguém como o sonhador. Tinham medo do que aconteceria com seu filho se ele adquirisse uma amizade que acreditavam não existir.

A amizade por si só, sem interesses, sem maquinações e tramóias para se dar bem à custa de algum desavisado.

Como eu sei de tudo isso? Bem essa é uma reposta que você terá em breve.

Aos 15 anos, era impossível em pleno regime absolutista o príncipe herdeiro não ter nenhum contato.

A Inglaterra estava no seu auge, a Dinastia dos Tudor haviam trazido muita riqueza e o sentimento nacionalista em um lugar onde vários reis, vários senhores e vários estados era perfeitamente comum. O poder agora estava na mão de um único rei, de um único senhor, de um único estado.

Legal? Se você fosse nobre talvez, mas, e a plebe? Como era? Ruim, muito ruim.

Havia um plebeu, cujo nome era famoso devido à facilidade de contar histórias, mesmo ele sendo analfabeto, suas palavras encantava a todos.

Sua casa era humilde, fora construída com um pouco de barro, palha, e algum tipo de rejunte que não pude saber ao certo quando vi. Não tinha mais que dois cômodos. As necessidades eram feitas na parte de trás da casa e enterradas, recicladas como adubo. Algumas vezes era impossível chegar até o quintal e os excrementos eram feitos ao longo da casa, os banhos eram raros e rápidos, o único lugar para se fazer isso era no rio Orwel distante do condado de Suffolk.

Comer, só era possível quando algum animal era morto por um nobre caçador e deixado para traz na floresta boreal ou as esmolas de libras dadas em troca das histórias davam pra comprar alguns pães.

Mesmo assim, o rapaz nunca deixava de contar histórias. As melhores histórias! Engraçado como a vida era amarga e mesmo assim as histórias eram tão doces.

Um dia o Príncipe, aquele garoto do qual lhe falei, que os pais não permitiam a ele o acesso ao mundo real, descobriu a fama do plebeu.

Ele estava cansado dos livros, cansado de só conhecer o mundo que ele imaginava e cansado de não poder compartilhar com ninguém tudo o que aprendeu. Neste dia, esbravejou querendo conhecer tal homem.

Quando seus pais haviam viajado para a fortaleza de Drogheda em busca de descanso, ordenou para que trouxesse o jovem plebeu contador de histórias.

É claro que não contarei aqui neste blog o desenrolar desta história, ficaria chato e provavelmente você não leria o final deste texto.

O que posso adiantar é que os dois se aproximaram de tal maneira, que começaram a confundir quem era o verdadeiro príncipe. Eram raras as suas aparições em público, e com a estreita amizade, ficava impossível distinguir o plebeu do nobre.

Ah, ouve uma morte também, os dois ficaram apaixonados pela mesma pessoa, uma moça do condado vizinho que levava verduras para o castelo.

Seu cabelo alucinava-os, era como o raio de sol, sua pele como o pêssego, seus olhos da cor do luar e sua fala suave como um suspiro.

Quando foi descoberto o amor. O príncipe pediu em casamento a bela dama, o grande amigo, não se contentou e o matou. Como eu sei disso tudo?

Eu sou aquele que no silêncio da noite é a sua única voz, aquele que na escuridão de uma rua deserta te manda andar mais rápido, que te faz às vezes entrar em transe e ‘’viajar na maionese’’, aquele que te deixa pesado quando faz algo errado. Sei das histórias, dos medos, das felicidades e dos anseios de muitos.

E acredite, quando presenciei está história, deixei de acreditar na amizade, pura, verdadeira, inocente e incondicional.

Percebi que as pessoas estão fadadas a se conhecerem, criarem um laço muito forte (ou não) de intimidade apenas por um tempo, enquanto estiverem convivendo no mesmo círculo e seus interesses não serem comuns.

Claro que ainda não vaguei pela mente de todo mundo, e acredite, estou trabalhando em uma neste exato momento que pode fazer este meu pré-conceito ser derrubado.

Esse rapaz acredita nas pessoas mesmo sem conhecê-las por completo, as ajudas mesmo sem receber nada em troca, é caluniada e fica em silêncio ou grita muito baixo, tem um conceito de amizade onde, não importa o que você faz por mim e sim o que eu estou tentando fazer pra te ajudar, pra melhorar a sua vida e o seu meio.

Quem é ele? Quem sabe você não olhe dentro de si mesmo, talvez não encontre, talvez tenha se lembrado de alguém com essa característica.

Seja como for, segundo Durkheim não estamos sozinho numa ilha e precisamos dessas amizades, destas socializações.

Minha visão de mundo? Estender a mão mesmo que tenham cuspido nela, ajudar, mesmo se o renegaram, doar, mesmo que o outro não o faça, confiar, mesmo quando tudo é prematuro. Enfim, fazer feliz mesmo se fizeram você sofrer.

Difícil? Sem problemas, eu sou a sua consciência e vou sempre te lembrar disso após essa nossa conversa, fique tranqüilo.


Bom 2009!


Pedro Luiz

3 comentários:

Priscila Delai disse...

Pedrinhoooo!!!

gostei, não pensei que fosse conseguir sair da Inglaterra ontem!
kkkkkkk

Amei o final...
realmente nossa 'consciência' nos diz tudo.

beijão!

Ps: Verdadeiras amizades existem, mesmo que não sejam recíprocas sempre. A vida nos leva por caminhos diferentes, mas os corações e as mentes do verdadeiro amigo sempre estará naquele outro ser tão estimadonos melhores e nos piores omentos tbm; mesmo que ele não mais pense em vc.

Feliz 2009, seu cara de tatu bola!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

acho que a amizade, assim como muitos outros laços afetivos, também envolve a decepção. assim como o perdão. a história contada aqui é clássica. com personagens, cenário e algumas outras diferenças. mas eu vejo a base como a de outras histórias. algumas das quais vivenciei, inclusive. claro (e que bom) que não chegamos sempre aos casos de alguém ter que sacrificar um outro em nome da própria felicidade. em suma, quero dizer que durkheim (e creio que você também) estão certos ao afirmar que "não estamos sozinho numa ilha e precisamos dessas amizades". as decepções que vêm junto fazem parte do pacote. só não é bom ter que digerir tais bolachas (duras ou amargas). eu ainda acredito no sentimento das pessoas.

p.s.: jean aqui. hendrix é meu pseudônimo