Ao
analisar os últimos 10 anos de Brasil vimos que ele mudou. O
Brasil do passado era a promessa de “País do Futuro”, “Estado
sem-memória”, “Republiqueta das bananas”, País do atraso, da
pobreza, da corrupção, da desigualdade social e da má-qualidade de
vida de sua população.
O Brasil
de hoje é credor do FMI (Fundo Monetário Internacional), incluiu
mais de 1 milhão de estudantes em Universidades com o PROUNI e
dobrou o número de Universidades Federais com o REUNI, reduziu sua
desigualdade social - na
última década a renda dos 50% mais pobres do Brasil cresceu 68%,
enquanto a dos 10% mais ricos cresceu apenas 10%, enfrentou os Bancos
e Credoras reduzindo a taxa de Juros, o modelo de acumulação de
capital especulatório para um produtivo, incrementou
substancialmente seu investimento em ciência e tecnologia,
fortaleceu sua cultura e diversidade nacional, gerou mais emprego do
que em qualquer outro período da história, está mais eficiente,
combateu a corrupção inclusive com inovações em mecanismos de
controle como Controladoria Geral da União, O Portal da Transparência a autonomia do Tribunal de Contas, da Procuradoria da
República, da Polícia Federal e o aumento de investigações e
operações de punição do mal feito mesmo que “sangre a própria
carne”. É uma nação soberana e com um projeto de país que não
perde de vista que o seu modelo de desenvolvimento é para dar mais
qualidade de vida a população brasileira e a estimular o
desenvolvimento da America latina e das nações pobres.
Quando
faço esta análise, retrocedo historicamente e percebo que o Brasil
em sua consolidação enquanto nação, teve períodos políticos
que trilharam Eras e acontecimentos que mudaram histórias.
Podemos
falar que a primeira mudança moderna no país acontecera a partir de
1880. O Brasil abandonou seu regime de escravidão, rompera com a
monarquia e inaugurou sua era de Estado de Direito com sua primeira
constituição republicana. Essa Era se estendeu ao menos até 1930
quando Getúlio Vargas com apoio dos burgueses e industriários
nacionais implantaram a “Revolução de 30”, neste momento o
Brasil começava a trilhar sua caminhada rumo às cidades, a
formação de um mercado interno, da classe trabalhadora e da
Primeira Consolidação de leis trabalhistas – CLT, foi neste
período que o Brasil abriu de maneira mais organizada enquanto
política nacional fortes relações de comércio, política e
economia com outras nações mundiais fora da lógica do período
colonial. Também foi o período de aprofundamento da dependência do
capital americano contraído em dívida externa para projetos
industriais e de infra-estrutura afim da formação de uma indústria
de base nacional.
Passada
a conhecida Era vargas, vimos um período de acontecimentos de
instabilidade política provocada pelos latifundiários atrasados que
queriam o mesmo modelo agrário monárquico com o recém-formado
empresariado nacional e seus trabalhadores. Acontecimentos que
culminaram em outra Era – o período Civil Militar que através das
forças armadas unificou os latifundiários nacionais e o
empresariado alinhado as relações norte-americanas para governar o
país e gerar ordem e quietude no povo do campo e na nova gente das
cidades. Este período por sua vez foi a consolidação de uma nação
urbana e industrial, de um país com crescimento econômico
concentrado na mão de poucos, diminuição liberal dos investimentos
do Estado nas áreas sociais, inflação em alta, derretimento do
poder aquisitivo dos brasileiros, aumento exponencial da violência, ilegitimidade das instituições nacionais, dependência direta do
capital estrangeiro.
Já
o fim desta era sem liberdades democráticas, culminou outro período
de acontecimentos com instabilidade política que foi a década de
1990. Nessa época a Nação foi vilipendiada, o patrimônio nacional
fora vendido, o poder de compra e renda da sociedade derreteu, o
Brasil parou de empregar e viu sua soberania nacional se ater a
“passar o pires” de um país endividado e refém do Consenso de
Washington – Quem não se lembra do episódio do Chanceler
Brasileiro ter que tirar os sapatos no Aeroporto americano? Ou dos
boatos de calote brasileiro de um país na bancarrota? Também foi a
era de investimento ZERO na educação, de nenhuma criação de
Universidades federais e sim de fechamento de algumas e dos CEFETES,
nenhum investimento em pesquisa, ciência e inovação, nenhum curso
novo, fechamento de vagas na educação, ausência de plano de
carreira dos professores, financeirização da produção nacional,
aumento exponencial dos juros, engavetamento de investigações
contra a corrupção, compra de votos para a reeleição de FHC,
ingerência na autonomia das instituições e da Polícia Federal,
Estado Democrático de Direito inaugurado com a Carta política de
1988 ignorado.
Vivemos
um novo Brasil. Novo por que ao escolhermos Lula Presidente, criamos
novamente outros acontecimentos que estão mudando a história.
Optamos por ter um projeto de nação bem delineado, que seja justo,
democrático, não só na forma mas na participação, que inclua as
pessoas, que distribui renda e que fortaleça a soberania econômica,
política, e social do Brasil colocando-o num outro papel no mundo.
Quando elegemos Dilma Presidente, optamos por continuar este projeto
mas acentuar mudanças. Queremos um Brasil que produza, gere empregos
e dê qualidade de vida para a população e não que especule
dinheiro não produtivo. Queremos o fim da pobreza, da desigualdade e
da ineficiência do Estado. Queremos que nossa democracia seja plural
e que a informação consiga ser produzida e difundida por todas as
opiniões em equilíbrio e não apenas por 6 famílias brasileiras.
Queremos que o mal feito seja duramente reprimido, que a reforma
política seja pra valer e principalmente – Queremos um Brasil que
atue no mundo de modo a garantir outro modelo de desenvolvimento.
A
crise de 2009 não é apenas econômica, ela é o apogeu de uma
sociedade em crise de paradigmas gerais. O Capitalismo mostra todos
os dias que seu modelo selvagem e de crescimento a todo custo, gera
pobreza, desigualdade e morte. Qual o papel da educação nessa
conjuntura? O movimento estudantil acaba de sair de um Congresso das
Entidades Gerais da União Nacional dos Estudantes com uma resolução
de Assistência Estudantil na linha certa destes últimos
acontecimentos, mas com um modelo de organização e mobilização
dos estudantes que não ajuda-nos a superar os desafios que o Brasil
e a Universidade Brasileira enfrenta.
Vemos
que para muitos dos que fazem movimento estudantil – dos que se
auto-intitulam esquerdistas ou dos governistas, fazer movimento
estudantil não é em prol dos estudantes e dos brasileiros, é em
prol de uma batalha de egos e organizações políticas para ver quem
assume o controle das decisões de uma entidade. Aqui na UFES, na UNE
ou em qualquer universidade, sempre nos deparamos com os “iluminados”
e os de “esquerda”, os “governistas”, tanto faz se virou
rótulo quando o que só querem, são as entidades estudantis pra
fazer disputa de poder. É muito bonito ser de esquerda, governistas,
etc, e te arruma uma credencial com uma galera legal se tiver afim
(sic).
Não
adianta ter discurso de que defende o “povo”, os “estudantes”,
as “minorias”, os “fracos e oprimidos” ou os que mais
precisam. Tem que ter prática, mostrar por “A +B”, dar exemplos
reais como os vistos pelo Brasil em sua esfera macroeconômica,
política e social.
Tem
que realmente querer conectar os estudantes, querer que a opinião seja plural, querer respeitar as diferenças e querer ouvir mais
gente. Ainda que se abra mão para flexionar a opinião e fazer aquilo
que mais gente quer. Os que não fazem isso não só não me
representam como não representam em nada os estudantes do dia a dia
da Universidade. Estes no máximo se representam e a seus interesses
ideológicos e políticos. Ou
cada estudante, principalmente aqueles que não aceitam esse método
de movimento estudantil, se organizam para dar um basta e fazer
diferente, ou todo o projeto de futuro do Brasil estará nas mãos
de quem nem sabe nem o que que é isso.