sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O Comunismo, Lênin e a Democracia.

Durante séculos, a democracia foi tema de disputa de poder para a busca de uma sociedade mais justa e cidadã. Atenas, Cidade-Estado grega, criadora de tal artimanha política, não conseguiu perpetuar em sua plena acepção a palavra democracia. A palavra democracia origina-se do grego “demos” que significa povo, e “cratos”, forças, poder, e, por extensão, governo. Democracia é, assim, etimologicamente, “o governo do povo”.

Em Atenas, havia uma diferença substancial no significado de povo quando relacionamos este “povo” ao conceito moderno. Ainda hoje, povo é uma palavra ambígua e usada constantemente com sentidos torpes para alavancar carreiras políticas ou fortalecer os detentores do poder estatal.

Povo pode ser muitas coisas, possui vários conceitos, em várias áreas do conhecimento. Para a Grécia clássica só era Povo os que possuíam título de cidadão grego. No Império Romano, o conceito se alargou e já abarcava homens de terras conquistadas, não nascidos em Roma mas adquiriam seu título romano. Também haviam alguns ex-escravos, camponeses que conquistavam riquezas  e militares heróis de batalhas que na Grécia jamais seriam considerados cidadãos. 

Com o passar do tempo, apesar de algumas retrações, como no medievo que rebaixou este conceito e criou os estamentos em que o “Povo” era subordinado a Nobreza e ao Clero e por conseguinte não possuíam o mínimo de direitos, a Palavra povo foi cada vez mais caminhando para a noção de participação política na polis, e alargando o conceito de cidadão. 

Durante os séculos recentes, também serviu para ser usada como arma política na mão de populistas que viam no “Povo” a maneira moderna de legitimar suas ações. Há ainda o significado usado por celebre juristas como Dalmo de Abreu Dalari onde “povo é todo individuo com direitos políticos, isto é aqueles que podem participar das decisões políticas.” ou Frederic Muller que vai em confronto a este conceito e indica em povo palavra de legitimidade das ações do grupo de poder perante seus súditos constituídos. Por fim, há ainda o conceito jurídico onde povo é todo cidadão nascido em determinado Estado ou sob seu regime jurídico, sendo súdito de tal Nação. 

Eu, contudo prefiro ir mais além. Pretendo desmistificar a ideologia positivista empreendida na frase de Dallari e tantos outros, com a subjetividade da teoria crítica de Muller para aprender tal máxima:
“Povo é todo cidadão nascido em determinado Estado, sendo, portanto em sua ampla plenitude política, súdito desta nação.”
Se povo é todo cidadão capaz de tomar decisões políticas sob o regime jurídico de tal Estado, por que o povo é súdito deste, quem é o Senhor? O leitor afirmaria: O Estado e ficaríamos nesta retórica eterna. Portanto, não basta descobrirmos quem é povo, é preciso termos em nossa mente a quem este “povo” está servindo e a quem ele quer continuar a servir. Só assim é possível caminharmos para a revolução da emancipação social necessária ao século XXI - o Comunismo.  Não é possível tratarmos de identificar quem é povo e não conseguirmos empreender a façanha de identificar quem é o Estado. 

Povo e Estado são dois seres antagônicos. Um é súdito, o outro é senhor. Um é palpável, são as pessoas subordinadas ao regime daquela nação. O outro é mistificado e transformado em fetiche para se imaterializar e amortecer o choque de classes. 
É preciso termos em mente, e ai Lênin desenvolve uma teoria cientifica fantástica sobre tal empreendimento, quem é o Estado.

O Estado é o aparato criado para manter o povo como súdito e a “classe superior” como senhor através do Estado. Seu fetichismo tem como único objetivo evitar a percepção dos súditos, o povo, para que estes não consigam tomar o Estado e suprimi-lo ao ponto de o conceito de povo mudar novamente, quando não mais haverá Estado e súditos, apenas cidadãos.

O comunismo então seria a supressão do Estado como aparato burguês de mantenedor da ordem em classes, da divisão social do trabalho, do controle privado dos meios de produção e do favorecimento em favor da riqueza e não da necessidade. 
O comunismo seria a verdadeira noção de democracia. Entendida sem desvios de sua origem etimológica, sem fetichismos de linguagem. Seria o verdadeiro governo do povo, uma vez que povo agora seria “todos os cidadãos com plenos direitos políticos de igualdade econômica e social de uma Nação, tendo a palavra nação como a organização de um povo em comunidade”. 

A democracia seria usada por todos que agora, no comunismo, seriam de fato iguais materialmente, tendo como diferente apenas suas necessidades reais. O acúmulo de riqueza improdutiva, exploração do homem pelo homem não existiria por que o trabalho agora seria uma forma de dignificação do ser onde cada um faria aquilo que lhe faz bem. Sua compensação não ocorreria em grau maio ou menor de acordo com a necessidade do Estado ou do mercado em te-la; mas de acordo com a necessidade daquele homem e família em viver bem. É claro que a máxima de Marx “Quem trabalha não come” ainda seria mantida, haja vista que esta será uma sociedade de cooperação de todos entre todos para o avanço de toda a nação e não apenas de um pequeno grupo. Ter em mente esta concepção de democracia é muito mais urgente e necessária do que pensar em modelos de democracia para manter o Estado - direta, semi-direta, participação real ou passiva.

Pensar numa democracia em que verdadeiramente o homem possa viver em comunidade, em nação, é muito mais urgente para que possamos atravessar o século XXI e não sermos conhecidos por nossos irmãos do futuro como a civilização mais cruel, mesquinha, individualista, avarenta, nefasta e destruidora de toda a história da humanidade. 

Pensar na desmistificação do Estado e na necessidade da busca do comunismo no mais estrito senso marxiano, é sem dúvida a solução para nosso progresso e emancipação do homem para um outro plano, o plano da cooperação mútua, do trabalho como prazer, resgatando o princípio grego de έργο (trabalho) que outrora era restrito ao pequeno grupo de “cidadãos” alargando-o, fazendo cidadão toda a humanidade, para que o trabalhar não seja mais uma forma de produzir riqueza material, mas uma forma de ajudar a produzir o progresso social do homem. Assim, a pirâmide econômica não mais estaria relacionada ao TER, o consumo não mais seria para o acúmulo, mas estaria condicionada ao SER e o consumo à necessidade.

Pedro Teixeira

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A Globalização da Revolução*

Externo este texto muito bom sobre o factóide da democracia burguesa e mais tarde tecerei alguns comentários sobre esta excelente leitura.
A representação cidadã é hoje em dia pouco menos que uma ilusão, quase um mito. A chamada democracia é atualmente um eufemismo com poderosos efeitos sedativos sobre uma população sonolenta. Os chamados governos democráticos mantém seus súditos em estado hipnótico, fazendo-os crer que seus interesses como cidadãos, estão representados e protegidos por um grupo de pessoas que pouco ou nada tem em comum com eles.
Para isto, os usurpadores das democracias modernas se serviram de poderosas armas de controle da sociedade. Tradicionalmente utilizou-se a fé e a bala contra o povo, e mais recentemente, a palavra.
Com a fé, em franco e claro retrocesso, e a bala destinada a democratizar distantes países ricos em recursos naturais, a palavra se tornou uma forte arma para usurpar as democracias ocidentais. A palavra foi moldada à imagem e semelhança do capitalismo globalizador, que a converteu na mais eficaz das armas já usadas contra o povo. Os meios de comunicação de massa tornaram-se a ultima etapa de aperto do pescoço do povo com a corda do capitalismo.
Leia também:

Agora já não precisam ameaçar-nos com deuses que estão nos céus nem sequer com balas que levam gravada a palavra “democracia”. A palavra é agora a droga que se força o povo a consumir até deixar completamente anulada sua capacidade de pensar por si mesmo. Lança-se um slogan que é repetido por quase todos os meios, e a sensação estereofônica adquire uma nova dimensão com um efeito demolidor da vontade do individuo, e afinal, em sua liberdade. Cada qual é livre para pensar o que eu lhe inculto, se diria que repitam até a saciedade. Em uma espécie de Admirável Mundo Novo, que Huxley teria reescrito o sistema totalitário que é o capitalismo, pensa por nos, consome por nós, fala por nós, vive por nós. Tudo por nós, mas nada para nós. Sem nós. (observe neste mesmo texto que a palavra “nós” perde seu significado depois de tanta repetição. Tome-se este como um bom exemplo das práticas globalizadoras do capitalismo).
Como povo, nos roubaram a palavra e a puseram a seu serviço, contra nós e contra a democracia. Servem-se dela para nos usar, nos manipular, para nos transformar em um número de uma grande lista de escravos ou estrangeiros a quem permitem uma representação e uma participação direta nisto que só eles chamam de democracia.
Não é a democracia o sistema que se coloca contra o povo, não é a democracia o sistema de governo que prega o interesse privado de alguns poucos e atenta contra o interesse geral. Como temos permitido que se continue utilizando o termo “democracia” para definir justamente o contrário?
Mas ainda há esperança, ainda temos algo a fazer pelo povo pisoteado. Como se tivesse passado despercebido, depositaram em nossas mãos um tipo de poder que emana de nós: o dinheiro, seu dinheiro, o alimento desta fera voraz, devoradora de homens e corruptoras de almas que é o capitalismo. O circulo formado pela corda ao redor do nosso pescoço só se fechará se deixarmos escapar este poder. O circulo só se fechará se consumimos e devolvemos ao circuito financeiro todo o dinheiro que esperam que geremos.
Além do essencial, não consuma.

Além de uma vida digna e suficiente, não consuma.
Além de preservar o planeta, não consuma.
Além do que seja moral, não consuma.
Além do que te satisfaz, não consuma.
Além do que consideraria justo e racional para teu vizinho, não consuma.
Se não consumirmos além disto, essa máquina que nos degrada como pessoas se deterá, cedo ou tarde. Todo cárcere precisa de seus presos, todo supermercado precisa de seus clientes, todo capitalismo precisa de suas vitimas.
Ficou demonstrado então que não vivemos em uma democracia, vivemos como aqueles escravos ou estrangeiros que esperavam em Atenas uma liberação que não chega, que temos que sair procurando onde quer que esteja. Juntos podemos encontrar. Outro mundo é possível.

* Texto originalmente publicado no site http://impresionesmias.wordpress.com/
Tradução Livre: Opera Mundi.

Um Grande Amor.

Desde o Primeiro dia que te vi
E o Primeiro Olhar que te dei
Eu por ti me apaixonei.


Em teus meigos olhos eu li,
O amor e a honestidade que há em ti.


Amo-te tanto querida
E já que te amo tanto com esperança e ardor
Pergunto: Querida, eu mereço o seu amor?


Meu Avô.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Um pouco mais sobre democracia e cidadania

Transcrevo o texto publicado no blog de uma grande amiga, inteligente, futura advogada e extremamente humana. Por termos algumas visões antropo-filosóficas parecidas, publico este, Baseado no livro de estudo Cidadania no Brasil: O longo caminho, de José Murilo de Carvalho.




O conceito de cidadania vinculou-se, ao longo de mais de dois mil e quinhentos anos de história, com as mudanças nas estruturas sociais. E até hoje é difícil reconhecer a cidadania plena na sociedade. Existe sim, muitos cidadãos incompletos, usufruindo-se parcialmente de seus direitos. A cidadania abrange os direitos civis, políticos e sociais. São várias dimensões que resultam na complexa construção democrática. 

Existem muitos empecilhos nesse processo, mas desenvolver visão própria do problema é exercer sua cidadania.


Os direitos sociais permite às sociedades politicamente organizadas reduzir os excessos de desigualdade produzidos pelo capitalismo e garantir um mínimo bem-estar social para todos.

O capitalismo liberal altera o direito do cidadão para o direito do consumo, em que "A cultura do consumo dificulta o desatamento do nó que torna tão lenta a marcha da cidadania entre nós, qual seja a incapacidade do sistema representativo de produzir resultados que impliquem a redução da desigualdade e o fim da divisão dos brasileiros em renda, educação, cor..."

A persistência da desigualdade é dos maiores problemas para a consolidação da essência cidadã no Brasil, um princípio que se baseia em que todos devem ser iguais. Caso contrário, direitos desiguais representaram privilégios para uns e desfavorecimento para outros. É necessário, então, focar na coletividade e não apenas em determinados grupos sociais para concretizar as ações cidadãs e democráticas.

Há quem diga "a democracia em que vivemos é uma hipocrisia" pois é preciso de um sistema que não exile o povo da política, de reformas políticas que realmente façam do povo um mecanismo de decisão e não um mero espectador do que a classe dominante faz. 

Como diria José Bonifácio, muitas ações promovidas eleitoralmente são um erro de sintaxe política, pois criava um oração política sem sujeito, um sistema representativo sem povo.

O maior objetivo cidadão é construir uma unidade popular ativa. Os movimentos representativos ainda são muito direcionados por correntes ideológicas.
E a democracia e a cidadania deveriam ser independente de correntes ideológicas. Ou de modelos vigantes. O modelo neoliberal não é o mais adequado em muitas situações mas as experiências socialistas também estiveram muito aquém do que se idealizava.

No Brasil, ocorre o esvaziamento do papel dos partidos e do congresso, o que é sim desmoralizador para a democracia brasileira, mas, isso não deveria ser considerado uma desmotivação, e sim, deveria incitar uma postura que requeira mudanças nesse quadro político.

Em nossa mais atual Constituição brasileira, a "Constituição Cidadã" - que até então é a mais liberal e democrática que o país já teve - ocorre uma amplitude dos direitos políticos (após o fim da ditadura, em prol de uma estabilidade da democracia), e entretanto, os direitos sociais ficam na incerteza visto a abrangência da desigualdade, do desemprego e de outras carências como saúde e educação. Também há uma falta de garantia dos direitos civis, visto que segurança, integridade física e acesso à justiça não são assegurados a todos.

É importante ressaltar também que, além de direitos, o cidadão deve estar atento que possui deveres.

O cidadão brasileiro, precisa sair da 'cidadania em negativo', e, mesmo em uma sensação desconfortável e de implenitude, com postura perplexa e repleta de apenas doces esperanças, precisa saber lidar com as frustrações atuais e visualizar perspectivas positivas, criando condições de mudanças para um Brasil cada vez melhor no âmbito social-democrático. Os progressos são inegáveis, mas lentos. Um caminho próspero da cidadania garante a eficácia da democracia.

In every community, there is work to be done. In every nation, there are wounds to to heal. In every heart, there is the power to do it.

Momento a parte, para interelacionar conhecimentos: assista a uma visão holística sobre democracia neste vídeo. 

Considero interessantes as analogias, criando uma ligação plena entre ciência e conceitos político-sociais. De alguma maneira me recorda o livro "Ciência e política: duas vocações", de Max Weber, em que ele mostra pontos de tangência e divergência entre o cientista e o político.


Agatha Brandão

sábado, 11 de dezembro de 2010

O Direito moderno, sua crise institucional e a busca por sua efetivação no século XXI.


Entre todos os textos lidos e apresentados em sala, não posso deixar de falar de Boaventura de Souza Santos. Em “A crítica de uma razão indolente – Para uma concepção pós-moderna do direito”, Boaventura propõe um modelo de alternativa à crise de paradigma do Direito. Uma abordagem científica e metodológica de saída ao modus operanti do Direito, propondo na Emancipação do homem como pessoa e Ser a saída para tal questão. 

É de extrema importância saber que um autor e intelectual de tamanha invergadura na sociedade, coadune com a questão de que o homem está suprassumo de qualquer sistema,  e do próprio  Direito, haja vista este ser fruto de sua própria criação. 

É elementar ser de conhecimento público que o direito só se justifica pela linguagem. Sendo assim, é fruto de construção humana, pois, por linguagem só é possível conceber em strictu sencu a dos homens. 

Logo, entendendo o Direito como criação do homem para reger as relações sociais, só é possível aceitar um elemento de sanção de sociedade se assim entendermos que ele deverá ser para promovera a Justiça e a Paz social. Mesmo nos antigos regimes por onde a Ciência do Direito passou - Absolutismo, Monarquia, Império e Estado Feudal, a concepção de Justiça era a que colocava todas as ações  deste  Direito como justificáveis e obedecidas. Falar da coerção como razão final de justificação é provar que a concepção Marxista contrária ao Direito dominante, está correta.

 È claro e natural que as concepções dos regimes políticos e culturais da sociedade mudam ao longo do tempo. Tenho certeza que o ideal de justiça do Império Romano não era o mesmo da democracia contemporânea, assim como o de paz atual não é o mesmo das Monarquias Absolutistas. Isto inclusive justifica o que venho propor:
O Direito é mutável e como tal só mudou por que a concepção da sociedade para com ele mudou também. 
Não é ele que intrínsecamente mudou, não é o Direito quem ditou as regras, quem definiu quais normas regem a sociedade ou não. Fora uma mudança no pensamento social que definiu que a norma anterior ou a inexistente, não eram adequadas a atual conjuntura. Fugir disso é inclusive deslegitimar o próprio Direito que sendo construído pela linguagem, só o é por conta da autorização da própria sociedade. 

Se este Direito, criado pela sociedade, que só é obedecido por que este signo que está no imaginário humano possui a presunção de justo e de que deve ser seguido, não buscar uma justiça concreta e real, mataremos o próprio direito que por não ser materializado, coisa, só existe quando a mente humana o reproduz e o legitima para se concretizar. 

Portanto, produzir uma teoria que aponte a saída para a crise de existência que passa o Direito, que hoje se justifica na injustiça da sociedade em detrimento de alguns e de si mesmo, que o transfigura em sua razão de existir, tirando o foco do homem e da sociedade que o criou e que é a única capaz de justificar sua existência.

È preciso reinventarmos o  Direito para ele se tornar mola propulsora da Emancipação Social do Homem, não mais para legitimar os poderosos e coagir os fracos, mas para promover a emancipação, desenvolvimento e dignidade do ser humano. É urgente a necessidade de reformular o modelo imposto para sua própria sobrevivência. Não fazer isto é assassinar a si próprio reflexivamente.

Não é concebível na era da efetivação dos direitos de Terceira e Quarta Gerações, ainda mantermos a concepção Kelseniana de coerção. O Direito sob nenhum aspecto pode conceber a coercibilidade como sanção ao que não o obedece. Principalmente em momento de crise. Na atualidade o Direito vive uma crise institucional. Suas normas, apesar de válidas, não possuem eficácia social. Infelizmente, mesmo nesta situação, ainda se aprende nos bancos de escolas jurídicas que esta por sua vez não tem importância jurídica.

Como é possível uma ciência que é criada pela linguagem da sociedade, não conseguir ser obedecida, partindo do pressuposto que ao longo de sua efetivação fora desenvolvido um pacto no imaginário humano de que o Direito é necessário para garantir as relações sociais com Justiça e Paz social no Estado Moderno e este é o único responsável para tal realização?

É possível quando sua materialidade é posta em cheque por não responder ao anseio que a própria sociedade tem dele. Manter a coerção como saída a esta ineficácia perante a polis é garantir o ampliamento do processo de  deslegitimação pelo qual passa o mundo jurídico e garantir o status quo dos grupos dominantes ou então caminhar para uma Revolução no Próprio Estado e sua concepção de Direito. 
Quanto mais se arrocha o homem, mais vontade de se ver livre ele terá.
No texto Uma discussão crítica: Kelsen, Mark e o Direito – Antônio Carlos Wolkmer,  pretende mostrar que o Direito não está distante das ciências sociais, que buscam exatamente compreender e apontar soluções para a crise de sociedade que vivemos. Não ver o Direito como ciência social, no mínimo é agir de ma fé, para com o coletivo. É afirmar que o sistema não é para todos e assim deve ser restrito a poucos, poderosos e “entendidos”, os iluminados da meritocracia que excluem todos os outros da divisão social do trabalho, negando o ideário de justiça grego e afirmando a retrógada concepção de Justiça iluminista representada por Kant e sua Meritocracia da razão; sobrando para o restante a coerção do Estado no caso de desobediência ao Direito.

Iniciar uma Teoria Crítica é mostrar que a coerção não pode ser critério de execução da sanção ao homem, se assim for,  jamais tornaremos o Direito Justo. Fazer isso numa sociedade com tamanhos descalabros seria piada. 

Assim, buscar uma reconciliação do Direito com as Ciências sociais é a única saída para entendermos e buscarmos a efetivação da emancipação social do homem, colocando o coletivo como centro de toda relação jurídica na efetivação da dignidade humana. 

É urgente percebermos que a crise institucional pelo qual o Estado e o Direito passa, se dá por conta da redoma de cristal que vive os operadores do sistema e da incapacidade de levar o direito a efetivação da justiça real de toda a coletividade humana por parte de tais operadores. 

Por fim, trago em voga que a emancipação social e a eficácia do Direito no imaginário coletivo, só se dará quando levarmos o Estado a implantar a Justiça concebida e defendida na Teoria Geral do Direito ao cotidiano da sociedade, tirando a palavra Dignidade Humana de uma vez por todas do verbete e materializando sua concepção assim como fizemos com o Direito, signo criado pelo homem. 

Pedro Andrade

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Programação I Festival de Música e Arte Univeristária - UFES


PROGRAMAÇÃO
+ A Prostituta - 20h
- Monólogo crítico de combate a opressão feminina. 
+ Sarau e Poesias - 20 às 21h
- Na escadaria do Restaurante Universitário
+ Banda Amanhã Isso Acaba - 21h
- Palco principal
+Grupo de dança de rua «Vila Velha Break» - 22h
- Palco Principal
+Banda Mango - 22.30h
+CineCurtas - 23h
- Na escadaria do Restaurante Universitário
+Banda Sourbelle - 23.30h
- Palco Principal
+WorkShop
- Movimento Fora do Eixo e  a implantação da cultura alternativa na
Universidade.
+Banda Mendigos Cientistas - 01h
- Palco Principal
+Banda Jet Fire - 02h
- Palco Principal

Sábado - 27/11

+ A Prostituta - 20h
- Monólogo crítico de combate a opressão feminina. 
+ Sarau e Poesias - 20 às 21h
- Na escadaria do Restaurante Universitário
+ The Flow Orquestra - 21h
- Palco principal
+Grupo de dança de rua «Vila Velha Break» - 22h
- Palco Principal
+ Banda James - 22.30h
+CineCurtas - 23h
- Na escadaria do Restaurante Universitário
+Banda Anti-Milk - 23.30h
- Palco Principal
+WorkShop
- Movimento Fora do Eixo e  a implantação da cultura alternativa na
Universidade.
+Banda Cerva Grátis - 01h
- Integrante do Coletivo Mundo de Festival Nacional/ PB
- Palco Principal
+Banda Budapeste - 02h
- Palco Principal


Aguardo a todos...

Pedro Teixeira









sábado, 20 de novembro de 2010

I FESTIVAL DE MUSICA E ARTE UNIVERSITÁRIA DO MOVIMENTO MUDANÇA-ES E DAS ENTIDADES DE BASE DA UFES



“Rompendo paradigmas para uma nova cultura na Universidade.” 

Sob este tema se realizará o primeiro Festival de Arte e Música Universitária das Entidades de Base da UFES e do Movimento Mudança. – FEMU.

O evento terá o contato com a Música, a Arte, o Cinema e a Cultura Alternativa, vista pelo olhar dos universitários e do movimento popular para a construção de um novo modelo de Arte para a Universidade e a Cidade de Vitória.

No Festival haverá dois ambientes: Um espaço musical com a apresentação de bandas da Universidade e do Movimento popular de música brasileira e outro, na área verde perto do público com apresentações de teatro, dança, sarais, exposições de arte e curtas cinematográficos.

Um momento crítico para pensar o que queremos para a cultura da Cidade de Vitória e para o Espírito Santo.

O evento se realizará nos dias 26 e 27 de Novembro a partir das 20h na área verde em frente ao Restaurante Universitário, será gratuito e as inscrições para as bandas e apresentações culturais se darão até o dia 23 de novembro no e-mail: Pedroteixeira@mudanca.org.br

Realização Movimento Mudança
Apoio: CAFIL, Cultura CARLF, DAFF, DADF

Aguardo todos vocês lá...

 Pedro Teixeira

domingo, 7 de novembro de 2010

Justificativas

gostaria de me justificar com os amigos e leitores de que não estou escrevendo principalmente pelo motivo de o meu teclado ter quebrado. Estou com aqueles emborrachados retorcíveis que são simplismente detestáveis pra escrever...
Resolverei esse problema em breve. Aliás, alguém quer me dar um teclado decente?

P.S: Se uma amiga deixar, postarei um texto bem legal sobre cidadania e democracia em breve...

aguardem.

@Pequenainfante

terça-feira, 2 de novembro de 2010

domingo, 3 de outubro de 2010

Passando...

Um sopro,
     vento...
Um beijo
doce.

Um amor,
     O seu...
Um conto
      Oi?


Um instante,
      Teu olhar...
Um momento:
Saudade.

                           Um conto: O meu.

Pedro Teixeira**

**Nova assinatura

A mais agressiva campanha da história

Com a caminhada liderada pelo presidente Lula...
Image
Dilma, Marisa, Lula e Mercadante em SBC

Com a caminhada liderada pelo presidente Lula na manhã de hoje no ABCD paulista (São Bernardo do Campo), acompanhado por Dilma Rousseff e Aloizio Mercadante, a campanha eleitoral deste ano, uma das mais radicalizadas e agressivas desde 1989, termina logo mais às 22 horas, como começou.

A maioria do povo brasileiro quer a continuidade das mudanças e apoia o presidente Lula e seu governo. O PT é o maior partido do país e conta com a preferência de mais de 1/3 dos brasileiros. Assim, nossa tarefa nos próximos anos será transformar esta preferência em votos.

A campanha foi uma das mais radicalizadas e agressivas desde a volta das eleições diretas de presidente da República em 1989. E a responsabilidade por isso é do PSDB e de seu candiato a presidente José Serra, com uma grande cota de contribuição da imprensa.

Grande parte da imprensa - da mídia, incluindo rádio e TV - mais do que tomou partido a favor do candidato tucano. Atuou como extensão de seu comitê eleitoral. Algumas redações agiram articuladas com a coordenação de campanha de José Serra, municiando a candidatura tucana com denúncias e calúnias, quando não se antecipando.

A campanha de José Serra foi uma das mais sujas e de baixo nível da história do país. Foi um vale tudo. Baixaria reforçada por esta parte da mídia que pactuou com a estratégia tucana. Ela chegou a veicular na internet vídeos absurdos produzidos pela campanha tucana e que a justiça eleitoral preferiu fazer de conta que não tinha autoria provada. E todos sabiam - até por não haver contestação tucana -  que estas produções eram da campanha serrista.

A mensagem de Dilma

“Amanhã, dia 3 de outubro, é o grande dia da democracia. Quero dizer ao eleitor que saiba escolher, que escolha aqueles candidatos que colaboram para a mudança no país. No meu caso, peço que ele perceba que o voto tem esse sentido, e que ao colocar o voto na urna ele decida se quer continuar a mudança desse país, se ele quer continuar na trajetória que leva Brasil e ser uma das maiores sociedades do mundo, uma das mais justas e democráticas. Ou, se ele quer aquele período de estagnação, paralisia, de desemprego que o Brasil passou”.

A mensagem acima foi transmitida hoje por Dilma, em entrevista coletiva, antes de seguir ao lado do presidente Lula e do candidato a governador Aloizio Mercadante em caravana pelas ruas de São Bernardo do Campo.
Blog do Zé Dirceu

Publicado em 02 de setembro de 2010

domingo, 5 de setembro de 2010

A importância da Juventude como protagonista na mudança da política Brasileira


*Pedro Andrade


No próximo mês, no dia 03 de outubro, acontecerá a eleição que irá escolher o Presidente da República Brasileira, os Deputados Federais, os Senadores e os Governadores Estaduais e Distrital, bem como os Deputados Estaduais e Distritais.

Será também a Eleição que marcará o ápice do crescimento juvenil na população brasileira que irá durar até 2014 quando irá decair. Dessa forma, está eleição é um momento impar para a juventude do país. Nunca mais vamos ter tantos jovens de 15 a 25 anos em nossa população.

Portanto, temos nessa eleição o poder de influir nos rumos do processo eleitoral e na concepção do tipo de política que queremos para o Brasil do futuro.
Os políticos já sabem deste fato. Tanto é que as campanhas para a Presidência da República já estão conectadas nas mídias sociais e na Web 2.0. Marina Silva quer despontar como a “queridinha” do público juvenil e Dilma Rousseff tem a maior e melhor campanha de interação via web entre os presidenciáveis.

Isso tudo é bom, demonstra que os que estão disputando o poder estatal já perceberam que a juventude brasileira terá um peso importante na escolha dos futuros administradores e legisladores do País. Mas eis a questão: O jovem Brasileiro já se ligou para a importância do seu voto? Ele consegue perceber que a cada dia que a eleição se aproxima ele está sendo cada vez mais cooptado para tomar partido de um candidato? E principalmente, ele já se deu conta que é a sua escolha e forma de pensar a política hoje que vai decidir qual será a política para o Brasil amanhã?

Imagino que não. Os 40 milhões de jovens na faixa de 16 a 24 anos que irão votar neste ano, estão cada vez mais encarando o ato de votar como uma obrigação do que um dever. Além disso, muitos assumem posições radicais: 
Ou desacreditam da política e tudo que é político é ruim, corrupto e personalista, ou acreditam demais na política e o primeiro carismático ou com cara de via juvenil que aparece, consegue arrebanhar o jovem despolitizado e que quer mudanças para engrossar o caldo dos seus eleitores.

Não podemos encarar a política desta forma. Temos que nos identificar enquanto jovens e atores juvenis na mudança dos rumos de nosso País. É preciso buscar vias de participação nos movimentos sociais e no meio Estatal, apoiando e buscando candidaturas que apóiem as políticas públicas de juventude e que sejam juventude (sic). É na ampliação dos jovens nos movimentos que pressionam o governo; movimento negro, estudantil, da mulher, pela moradia, quilambola, etc., etc, que conseguiremos ruir este sistema obsoleto e esta classe política velha, retrógada e oligárquica para fora dos aparelhos do Estado. O velho só sai se o novo entrar.
A Corrupção só acaba se pessoas impolutas varrerem essa doença do País, Se a classe que hoje é juvenil e que amanhã será a política do Brasil, se dar conta de que não podemos mais aceitar a política do favorecimento, do apadrinhamento, do aparelhamento e do populismo em nosso Estado Democrático de Direito. Se der conta de que será ela que terá a função de norteadora dos anseios e crescimento da nação brasileira. Hoje já é sabido que precisamos de mão de obra para a economia em pleno crescimento e quem será ela? Nós jovens, é claro. Por isso, nestas eleições, vejam as propostas e o histórico do seu candidato. Eu apoio  e voto Dilma 13 porque ela tem políticas pra juventude e pro futuro do País, mulher séria, garantirá as mudanças sociais e a emancipação juvenil E voto em Babá 13131 para Deputado Estadual porque atuou na Pastoral da Juventude, no Movimento Estudantil, Foi um líder comunitário Jovem, É jovem, Defende a Universidade Estadual Capixaba, o Criação de Escolas técnicas Estaduais, o Financiamento ao Ensino, Pesquisa e Extensão e as criação das Praças esportivas com 8 mil metros quadrados de esporte, cultura e lazer; projeto do ministério do Esporte, que ele buscará e trará para o Espírito Santo.

Vote consciente no dia 03 de Outubro, vote em quem está preocupado com o seu futuro!

*Pedro Andrade é aluno de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo, graduado em planejamento urbano e de transportes pelo Instituto Federal do Espírito Santo e atua como Coordenador do Cursinho popular Mudança no Estado, além de ser Diretor de Cultura do Centro Acadêmico de Direito da UFES.



Você, seu intelecto e sua alma... Nada além.

Começo a perceber que no final só sobram três seres: Você, seu intelecto e sua alma.
Nada mais perpassa para garantir a unidade e a complexidade de uma rede ampla em que se possa abraçar fraternalmente e dizer: Não estou sozinho!

Não pelo contrário, as garantias se dão em torno de um sentimento e provas factuais de cada vez mais você não ver ninguém e não mensurar nada em meio à solidão.
Percebe-se que cada dia é um dia a menos e ao mesmo tempo é outro a mais. Ao se dar conta, caminhamos para a beira da insanidade e da ignómia.

Tudo isso se dá pelo triste desprazer de no final das contas só sobrar você, seu intelecto e sua alma... O resto, no desenrolar epistemológico-filosófico-teológico da coisa é a desmembração destes três “seres”.

Vejam só: Para os adeptos do antropocentrismo - ateus, materialistas e individualistas, no final das contas só você é o responsável pelo seu passado, presente, futuro e morte. Para os intelectuais - agnósticos, neo-iluminista, cartesianos, kantianos, esclarecidos, a transcendência é imanente e perpassa pela sua mente, sendo assim considerado você intimamente ligado com a sua construção divina, ainda que essa não seja uma abstração humana. Já para os passionais, religiosos, aristotélicos, cristãos ou qualquer outro desdobramento em que se liga a pessoa a alma, o homem material no final das contas se mantém preso a sua alma ou vice-versa, que é sua companheira; inicialmente no plano físico e posteriormente no campo espiritual e eterno.

Ao passo que no fim da linha terrena (e durante seu traçado) nada mais somos do que nós mesmos, ou seja, ainda que estejamos rodeados de seres, na verdade estamos sós. Para os anti-individualistas, subjetivistas e cristãos, minha tese será mesquinha e incomodará pois parecerá que estou querendo afastar os homens de sua capacidade natural de se relacionar, quando na verdade o que quero provar é que por mais que o homem se relacione, na verdade isso se dará para alimentar a própria vontade de não estar sozinho, quando na verdade isso é impossível, pelo menos em seu ser imanente.
Para ser diferente, seria necessário que os seres humanos fossem dotados de poderes ou percepções que dessem a cada um a capacidade de se relacionar com o intelecto e/ou a alma do outro, o que até hoje a ciência e as percepções sociais mostraram não ser possível.

É triste para mim, nesta reflexão epistemológica que estou tendo neste feriado, perceber que na verdade, estou sozinho. Passo um mês em que me Abandonaram e jogaram-me ao relento. Mês vazio, insípido, incolor e transudo: pútrido e sofistico. 


Pedro Andrade

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Momentos...


Bem, momentos são momentos, lógico. Não venho aqui hoje para explicar o que seria o momento. Não tenho a pretensão de gastar meu vernáculo com o intuito epistémico cognitivo de saber o que é o momento. Deixo esta indagação para o filósofo. O que trago em voga é o engano que o momento nos traz. Já não houve momentos de certezas tão certas que estas acabaram incertas? Já não houveram momentos tão felizes que de felizes se tornaram tristes? E já não houveram momentos infinitos que por tamanha infinitude tiveram fim?  Não estou louco não me internaram, ainda. Isso ocorre e como ocorre! Não seria absurdo pensar o momento e suas contradições e hoje ao me deparar por um momento para discutir o que é momento percebo quão errado estamos neste momento. Não que não exista a possibilidade de explicitá-lo. O ponto chave aqui é o engano do momento. Como você se torna confuso ao na verdade já não ter a certeza do momento atrás. De viver aquela felicidade passageira, aquela certeza incerta que como num feixe de luz se dissipa  após já ter invadido seu coração e o arrasando e tornando tudo tão incerto.

Momentos - tê-lo, não tê-lo, qual seria a solução?

Por desconhecer tal resposta neste momento, deixo aos amigos leitores este poema que gosto muito de Fernando Pessoa:
Foi um momento.

Foi um momento/ O em que pousaste/ Sobre o meu braço,/ Num movimento/ Mais de cansaço/ Que pensamento,/ A tua mão/ E a retiraste./ Senti ou não ?

Não sei. Mas lembro/ E sinto ainda/ Qualquer memória/ Fixa e corpórea/ Onde pousaste/ A mão que teve/ Qualquer sentido/ Incompreendido./ Mas tão de leve!...

Tudo isto é nada,/ Mas numa estrada/ Como é a vida/ Há muita coisa Incompreendida...

Sei eu se quando/ A tua mão/ Senti pousando/ Sobre o meu braço,/ E um pouco, um pouco,/ No coração,/ Não houve um ritmo/ Novo no espaço?/ Como se tu,/ Sem o querer,/ Em mim tocasses/ Para dizer/ Qualquer mistério,/ Súbito e etéreo,/ Que nem soubesses/ Que tinha ser.

Assim a brisa / Nos ramos diz/ Sem o saber/ Uma imprecisa/ Coisa feliz.

Pedro Andrade


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Por nada ver, nada ouvir, nada sentir e até esquecer...

Me recusei virar o mês e nada postar. Devo pedir desculpas. Estávamos em processo eleitoral para o DCE e não achei tempo para me dedicar a críticas exclusivistas e pessoais. Era um momento de construção coletiva e minha cabeça estava sem tempo para falar de qualquer coisa a não ser o processo eleitoral. Hoje, continuo não muito afim de dizer algo na verdade mas, não quis acreditar que nada postaria nestes 30 dias. Recorro a  minha ignorância para assim tentar escamotear a preguiça para postar mas nada escrever. Ah, como conhecimento inútil recomendo a todos o livro de Chico Buarque - Leite Derramado que ganhei de uma doce menina que me ensinou a ver as coisas de uma outra forma, melhor...  para assim tentar escrever diferente também, por que não?

No mais, recomendo o blog de um grande amigo que com sua forma sarcástica de não dizer nada, traz em voga uma leitura gostosa e atrativa: www.criativonao.blogspot.com

Pedro Andrade

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Quadro Preocupante da Juventude Brasileira e Capixaba:

Entre 1994 e 2004, segundo pesquisa realizada pela OEI – Organização dos Estados Ibero-Americanos em apoio com o Ministério da Saúde, os homicídios na população jovem saltaram de 11.330 para 18.599, com aumento decenal de 64,2%, crescimento bem superior ao da população total: 48,4%. Nota-se, em primeiro lugar, que as taxas juvenis são bem mais elevadas que as taxas da população em geral e, em segundo lugar, que seu crescimento na década considerada foi bem superior.
Assim, percebe-se que no Brasil as taxas no terreno dos homicídios de jovens são dramáticas. Os índices de homicídio juvenil são proporcionalmente 100 vezes superiores aos de países como Áustria, Japão, Egito ou Luxemburgo. Outro fato importante é que em alguns Estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo e Pernambuco, os homicídios são responsáveis por mais da metade do total de mortes de jovens. Além disso, os avanços da violência homicida das últimas décadas no Brasil são explicados exclusivamente pelo aumento dos homicídios contra a juventude. Se as taxas de homicídio entre os jovens pularam de 30,0 em 1980 para 51,7 (em 100.000 jovens) em 2004, as taxas para o restante da população até caíram levemente, passando de 21,3 para 20,8 (em 100.000 habitantes). Como agravante, temos ainda nas taxas de homicídios entre jovens, 83,1% a mais de vítimas negras do que de vítimas brancas, 96,7% das vítimas de homicídio entre os jovens são homens e nos finais de semana os homicídios juvenis aumentam 80% com relação aos dias da semana.
Trazendo a pesquisa para o Espírito Santo, a situação não é nada animadora. De todos os Estados da Federação, o Espírito Santo está incluído nos 10% dos que mais matam no Brasil. Além disso, dos 78 municípios do Estado, 14 deles (cerca de 20% do total), matam entre 48,0 a 223,3 jovens a cada 100.000 habitantes. Sendo este, o índice máximo da pesquisa. Quando a pesquisa é por cidades, a situação fica ainda pior. O Espírito Santo possui três cidades no ranking das 10 que mais matam. Estas são: Serra (2º lugar), Vitória (7º lugar) e Cariacica (10º lugar).
Como então elencar os reais motivos para esse desatino homicida que irrompe na sociedade brasileira? Como desenvolver políticas públicas para este setor que tanto carece de apoio do Estado? Qual o papel do estado na diminuição destes dados e no desenvolvimento desta população que segundo o IPEA, se projeta na casa dos 51,3 milhões em 2010?
Perguntas importantes que precisamos responder se quisermos inserir a juventude na sociedade e se dela formos esperar o avanço do País. Nesta temática, a juventude ainda aparece como associada a dimensões e problemas típicos do relacionamento entre o universo juvenil e a sociedade mais ampla: as questões do mundo do trabalho; os padrões de desigualdade e de discriminação vigentes; as situações de fragilização social, pobreza, indigência e desamparo familiar; as estruturas de geração e distribuição de oportunidades; as expectativas quanto ao desempenho de determinados papéis sociais; e as práticas de consumo– enfim, as diversas dimensões que caracterizam a dinâmica social brasileira, em seus avanços e conflitos.
Por isso é preciso primeiro mudar a concepção de juventude que pesquisamos. Neste sentido, é possível afirmar que as políticas públicas federais carecem de um marco referencial mais coeso acerca do conceito de juventude. Sintomático disto é o fato de programas direcionados ao público juvenil operarem com faixas etárias diferentes. Igualmente reveladora é a adoção, por algumas áreas, das concepções mais recentes sobre a juventude – que respeitam a noção do jovem como sujeito de direitos e que atentam para as especificidades desta fase da vida e dos grupos que a experimentam –, enquanto em outras prevalece a compreensão tutorial e controladora que caracteriza as ações mais tradicionais e institucionalmente estruturadas. E todas lidam com o mesmo jovem, que se vê submetido a formas muito distintas de tratamento. Em segundo lugar – e em decorrência da questão anterior –, pode-se asseverar que inexiste um entendimento comum a respeito das dimensões mais cruciais da temática juvenil sobre as quais deve atuar o poder público. No geral, a lógica da atuação segue extremamente setorializada: cada órgão busca tratar, de acordo com seus marcos teóricos e seu instrumental de ação, das questões que consegue identificar. Ainda resta por ser construída uma estratégia multissetorial de atuação que articule horizontalmente as iniciativas de órgãos diversos com um propósito comum, ampliando as possibilidades de êxito em seus empreendimentos.
Finalmente, é preciso considerar que, para além de forjar um entendimento compartilhado sobre o que é a juventude e quais os desafios prementes para o país com relação a seus jovens, é necessário também construir um novo repertório de ações e instrumentos para levar a cabo uma política de promoção dos direitos da juventude efetivamente conectada com seu tempo. É imperioso avançar no sentido de oferecer oportunidades concretas de experimentação e inserção social à juventude, atrativas e significativas no contexto atual, favorecendo efetivamente a construção de sua identidade e sua integração nas várias esferas da vida do país.

Pedro Andrade


A juventude como sujeito de direitos

Antes de invocarmos a juventude como sujeito de direitos e assim conseguirmos trazer em voga questões pertinentes ao desenvolvimento de Políticas Públicas de Juventude (PPJs), é preciso resgatar a historicidade da questão.  
Em nosso país, assim como na maioria dos países da América Latina, os sistemas de proteção social – gestados no decorrer dos processos de industrialização – repousavam na capacidade contributiva dos assalariados, vinculados ao mercado formal de trabalho. Neste contexto, quando os jovens das classes populares se inseriam no mercado formal de trabalho, contavam com o sistema de solidariedade da Previdência Social, por meio do qual se selava uma espécie de pacto entre as gerações – trabalhadores ativos contribuindo para inativos. Paralelamente, o investimento em educação foi uma resposta que os estados ofereceram – com mais ou menos sucesso – para incorporação de novas gerações. A preocupação com os jovens – que não precisavam entrar precocemente no mundo do trabalho – circunscrevia-se à educação: tratava-se de desenvolver as aptidões exigidas pelo processo de qualificação da força de trabalho.
Dessa forma, configuravam-se aí duas juventudes: aquela a quem se prepara para a vida adulta por meio da educação e outra que, como parte da classe trabalhadora, sequer era vista como jovem. Já entre os anos de 1980 e 1990, enfraqueceram-se os mecanismos corporativistas fundamentados na solidariedade trabalhista e fortaleceram-se critérios relacionados à competição no mercado e à individualização dos riscos. Neste período, Entre as idéias para sair da crise, via de regra gestadas em organismos oficiais e agências de cooperação internacional, reservou-se um papel à população juvenil como agente para o desenvolvimento. Naquele momento prevaleceu o enfoque dos jovens como capital humano. O que na prática, significava responder ao desemprego de jovens por meio de projetos de capacitação ocupacional e inserção produtiva com ênfase no chamado empreendedorismo juvenil. Com este objetivo, surgiram vários programas e projetos sociais executados em parceria entre governos e organizações do terceiro setor, na grande maioria dos casos apoiados por organismos internacionais. Ao mesmo tempo, buscava-se enfrentar a violência por meio da idéia de prevenção de delitos. Para os jovens considerados em situação de risco, foram reservados projetos específicos para conter a violência e para garantir sua ressocialização. As atividades culturais, neste contexto, foram vistas como uma importante via de contenção da violência juvenil. Por outro lado, para enfrentar a pobreza da sociedade, o remédio parecia estar nas chamadas políticas focalizadas. Para alívio imediato da pobreza, as políticas passaram a focalizar especificamente as crianças e suas famílias.
Desta maneira, no fim do século XX, reinserção escolar e capacitação para trabalho eram vistos como antídotos à violência e à fragmentação social, e não como direitos dos jovens.
Hoje, no início do século XXI, é a partir da conjugação de fatores globais e locais que se constitui a questão juvenil deste milênio. Desigualdades e inseguranças atingem particularmente os jovens desta geração, gerando problemas, necessidades e demandas.
Resta saber a quem cabe vocalizar e responde-las. 
Nesse contexto, os chamados grupos culturais de jovens urbanos têm encontrado formas inovadoras para incidir no espaço público. Por meio de ritmos, gestos, rituais e palavras, estes grupos culturais instituem sentidos, negociam significados e combatem a segregação e o preconceito. Por intermédio de seus textos literários, de suas letras de rap, de suas apresentações de teatro e dança e de suas programações radiofônicas ou atividades esportivas, contribuem para a ampliação do espaço público. Contando com recursos da internet para se articular e criar redes, inventam e reinventam estilos que se tornaram formas de expressão e comunicação entre jovens. Buscam visibilidade pública, funcionam como articuladores de identidades e tornam-se referência na elaboração de projetos individuais e coletivos, sobretudo em áreas pobres e violentas.
Em resumo, em contextos de demandas e disputas por PPJs, os jovens do movimento estudantil – sem ter mais o monopólio da representação juvenil – e os jovens sindicalistas e de partidos políticos – mesmo com pouca representação numérica – têm sido desafiados a conviver e se articular com grupos culturais, religiosos, esportivos, ambientalistas, de direitos humanos, de voluntariado, assim como com jovens envolvidos em ações de pequena escala, de horizonte temporal reduzido. Portanto hoje, estamos vivendo um processo de mão dupla – com influências mútuas de cima para baixo e de baixo para cima –, no qual diferentes atores políticos governamentais e da sociedade civil tomaram para si a iniciativa de anunciar publicamente a diversidade juvenil, a existência de problemas comuns atuais da juventude e de propor diversificadas soluções em termos de PPJs. A despeito da heterogeneidade destes atores, e para além da necessidade de reconhecimento da diversidade, o denominador comum é o direcionamento de demandas para os poderes públicos, para o Estado. É este direcionamento que amplia a agenda – e os embates – no espaço público e favorece a generalização do uso da expressão jovens como sujeitos de direitos.
Assim, a expressão jovens como sujeitos de direitos está ancorada na compreensão da indivisibilidade dos direitos individuais e coletivos e expressa o grande desafio das democracias contemporâneas para articular igualdade e diversidade. Não obstante, quando se fala em PPJs, é preciso considerar que os problemas e as demandas relacionam-se tanto com questões (re)distributivas mais gerais da sociedade excludente quanto com questões de reconhecimento e valorização de sua diversidade e, ainda, evocam a dimensão participativa, de grande importância na fase da vida em que se passa da infância para a vida adulta e se busca emancipação. Com tais características, as políticas públicas que afetam (ou deveriam afetar) a vida (e os direitos) de diferentes segmentos juvenis estão sob a responsabilidade de diferentes ministérios, secretarias e outros organismos governamentais. Assim sendo, está posto o desafio de fazer que os mandatários e técnicos dos diferentes ministérios compartilhem concepções semelhantes sobre a atual condição juvenil e se orientem por um mesmo objetivo para formular e implantar políticas voltadas para este segmento etário.
Em síntese, se quisermos responder as demandas da juventude deste século, é preciso criarmos metas para articular, coordenar ou executar programas e ações dirigidos à juventude, de maneira horizontal e transversalizada. Portanto, é salutar termos nos espaços estatais, estruturas especializadas para a gestão desta parte da sociedade – a juventude. 
No Brasil, levando-se em conta o fato de as PPJs, em nível de governo federal, possuírem dimensões diferenciadas – universais, atrativas e exclusivas –, optou-se pela localização do órgão de juventude na Presidência da República, e não em um ministério setorial. Esta foi uma estratégia para melhor promover a integração e a transversalidade das políticas, dos programas e das ações. Assim, no espaço da Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR), em 2005, o governo brasileiro criou a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), o Conselho Nacional de Juventude e o Programa Nacional de Inclusão de Jovens – o ProJovem original, realizado em gestão compartilhada entre os Ministérios da Educação (MEC), do Trabalho e Emprego (MTE) e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), sob a coordenação da SNJ/SGP. 
No Espírito Santo infelizmente, não foi tomado qualquer tipo de atitude parecida para responder aos anseios deste novo paradigma que a juventude impõe ao Estado. Todas as PPJ’s desenvolvidas se deram em meio à burocratização e ao descompasso na articulação das várias secretárias que tentaram executar projetos que de longe não foram conjuntos. É preciso, portanto, reformularmos as políticas de governo se quisermos atingir de fato a juventude capixaba que como mostram dados expostos, é uma das que mais são esquecidas pelo poder público dentre os Estados da Federação.
Daí a importância de se criar uma Secretaria Estadual para este segmento, que vise planejar, listar e executar as demandas e políticas para a parcela da sociedade de 15 a 29 anos que são sujeitos de direitos individuais únicos e irrevogáveis e são conhecidos como JUVENTUDE.
Fonte: IPEA e Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República 


Pedro Andrade