Hoje, quero falar sobre um assunto muito caro para a esquerda no País.
Quando a então PS, corrente do PT se desmembrou e formou o PSOL, a esquerda brasileira, até então unificada no Partido dos Trabalhadores, se fragmentou e permitiu o que até então inexistia: o confronto entre os dissidentes de um partido e o seu partido original.
A crise originada por este fator, não só prejudicou o partido original como prejudicou um projeto de País em que os pólos esquerda radical-teórica e a esquerda prática-real, disputavam sobre os rumos do socialismo: um utópico e impossível de se praticar e um real, possível de se implantar.
Quando o Partido dos trabalhadores perdeu estes intelectuais e militantes, perdeu o confronto entre estas duas esquerdas, assim, perdeu a capacidade de achar um meio termo para a política governamental e para o próprio partido.
Foi preciso um longo período para se achar no seio petista grupos que reiterassem a necessidade de um embate com o campo majoritário nos rumos da política ditada.
Ainda hoje, percebemos este problema quando não conseguimos implantar sonhos socialistas necessários em virtude de a esquerda-real e majoritária, perceber que isto ainda não é possível em virtude de nossa elite, que segundo o próprio Darcy Ribeiro, é a mais reacionária do mundo.
Não que uma seja melhor que a outra. A questão principal é o projeto que cada uma decidiu seguir.
Uma, resolveu se apegar a teoria e a idéia de país futuro, de socialismo utópico e de realizar reformas superestruturais que não são possíveis na atual conjuntura. A outra, resolveu se ater na realidade e usar os espaços institucionalizados, reacionários e de direita, para brigar por uma política mínima e possível de esquerda, para melhorar a vida das pessoas de fato e para preparar paulatinamente o terreno para a segunda etapa – a do socialismo.
Na minha concepção? Deveriam estar juntas, disputando pelo meio terno interno e assim saírem fortes para combater nosso maior inimigo: o neoliberalismo, a burguesia de caboclos que gostaria que o Brasil fosse um estado-agregado como ocorre com o Havaí e Porto Rico e essa imprensa golpista que não está nem um pouco preocupada com a verdade nem com o povo, onde todo discurso pragmático nesta área, não passa da arte da retórica usada pelos sofistas e criticada eternamente por Platão.
Penso que ainda é preciso muito amadurecimento interno, muito senso de realidade, muito avanço do capitalismo nacional. E neste quesito os sindicatos possuem um papel importante na luta pela divisão do bolo entre todos, e o governo também, atuando\ como centralizador na luta pela igualdade material de fato e pela repartição das riquezas nacionais.
Só assim é possível falar de socialismo. Só revendo as concessões de mídia e rádio, com um conselho de jornalismo, com as reformas extremamente necessárias como a tributária que desonere o trabalhador e tribute o rico com a regulamentação do IGF que nunca saiu de nossa carta magna, existindo um projeto real de desenvolvimento do país onde toda a nação seja chamada para desenvolver junto, com uma educação de qualidade, é que podemos pensar no Brasil socialista que queremos.
Que viva a utopia e que se une a esquerda para buscar que ela sai do papel!
Pedro Andrade