quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O que torna o velho novo?




Decidimos voltar com o Dialeto Urbano...




Essa pequena tentativa de construir o mundo, sempre foi recheada de divagações, textos políticos, poesias e sonhos de um escritor. Não merecia o silêncio… 

Por ser diário de um Citadino,  inspirava a doce iniciativa de sintetizar opiniões, sentimentos e expressões de uma história vivida intensamente…

Mas então, dilemas de uma juventude em movimento tornaram difícil ao jovem escritor produzir poesia, construir sonhos, trabalhar e estudar...

O Silêncio.

É então que o Dialeto se torna velho. Um simbolismo de opiniões, expressões e sentimentos de um Brasil recente, uma Estado e uma cidade atual e o desejo por um povo mais altivo.

[O] Que torna o velho novo? Um desejo? um sentimento de que nesse Brasil tão sombrio, nesses dias de notícias pessimistas e falta de esperança, de um conservadorismo onde o medo vence a esperança, o DIALETO URBANO se apresentará como um clarão, um feixe de luz no vazio, o desejo de que essa geração nos ajude a produzir um caminho.

Um processo de identidade com o seu país e a sua cultura. Um resgate da história e da própria noção de si mesmo, de sua classe social, do chão e da terra onde pisa. Um sentimento de que em tempos onde parece que a política não tem mais jeito, o sonho e a esperança novamente tenha lugar.

Uma vontade de que novamente, produzindo opiniões e impressões, a juventude acorde desse marasmo, resgate o seu passado, perceba como o Brasil é diferente hoje e não por acaso, torna-se tão urgente defender esse projeto democrático-social que corre tanto perigo no meio daqueles que sempre renegaram a nossa classe.

O Dialeto Urbano retorna, semanalmente, nessa esperança de que somos todos citadinos…

domingo, 21 de dezembro de 2014

Second Life, Facebook e a Pós-modernidade


Existem aqueles que advogam certa tese sobre o rompimento imaterial de nossa Era, no que se refere a noção de tempo e espaço na contemporaneidade. A globalização, o não-reconhecimento enquanto sujeito e classe, a criação do capital imaterial e a especulação financeira, são complexas variáveis que influenciaram a internet para torná-la completamente interligada com a nossa realidade, ao passo de ser ela hoje a grande Pangeia ou Ágora da vida e de nossas saciedades, anseios e desejos.

Nessa sociedade, as redes sociais são portais – chaves de acesso a um mundo virtual mas “real” no cotidiano da comunidade, ao passo de se impor um ordenamento social alternativo ou metajurídico, tendo como premissa a máxima do “Estar bem” a todos.

Anos atrás me apresentaram um jogo chamado Second Life. Não havia internet ultra-rápida, a ADSL era nova no mercado e os computadores não estavam tão robustos. Na inovação da proposta, o mundo era um simulador virtual, um ambiente gráfico em que pessoas desenvolviam avatares que se relacionavam, cresciam, e se encontravam em um mundo global tecnológico, ritual e paralelo.

Nele havia moeda, ordenamento, comportamentos e expectativas distintas, daquelas de nosso ambiente físico, mas alimentadas por esse mesmo espaço do capital material criado por pessoas reais que estavam “jogando”.

Com nossa integração em nossas redes sociais, nos tornamos “jogadores”, atuantes em nuvens digitais, que modalizam e virtualizam o real e transformando ou acentuado opiniões em nossos valores, crenças, ambições e destino de vida.

Surge uma enorme time line
de informações excessivas, nem sempre checadas e confirmadas, e de uma sociedade de multidão, cada vez mais orientada e reagrupada de acordo com grupos, tribos, opiniões, valores, compras, ambições e destino próprias do mundo virtual mas que se inter-relacionam com o mundo real.

A moda se cria, o assunto nasce pela polemica, os extremismos são intolerantes e radicais, e no entanto, as pessoas fisicamente são cada vez mais desprovidas de pertencimento e comunidade, realidade, participação e ocupação coletiva dos espaços públicos.


Cultura do neoliberalismo, acentuação do egoísmo Nilista, democratização da opinião na multidão, busca de identidade e lugar na polis, grandes problemas de nossa pós-modernidade. A que caminha isso tudo? Qual seria a contribuição de nossa geração para a humanidade second life?

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O Diário de um garçom – Primeiro Final de Semana




Quatro e meia da tarde. O dia – verão, calor, fim de tarde. Chego no “trabalho”. Expectativa: sair antes de uma da manhã. Mesas e cadeiras de madeira precisam ser pegas, abertas, organizadas e limpas para que os clientes possam sentar e criar seu curto momento social alimentício.
Depois, enumero todas as mesas com caixas-guardanapos e temperos, são 3 para cada mesa, ao total 105. Pego 3 ou quatro cardápios, uma comanda manual e paro em frente ao estabelecimento para aguardar o chamado.
Agora, começam a chegar algumas pessoas, na primeira fase, são alunos de um colégio de classe media-alta do bairro que se aproximam e buscam fazer o pedido. Uniformizados, com o brasão vitorioso nas camisas, se estiram nas mesas para fazer seu relax pós-aula e interagir com suas tribos. Smartphones na mão, olhar para essas telinhas, falam de um tal vídeo que está circulando no whats’up. Não entendo muito bem o que isso vem a ser, prefiro não escutar conversas alheias, cumprimento e entrego-lhes os cardápios, e depois me posiciono para anotar os pedidos.
Uma menina, de óculos, cabelo longo, liso, claro, perfume forte, que incomoda o nariz e o olhar no facebook balbucia com desdém:
- Já sei o que vou pedir.
 E sem um olhar, começa a falar tão rapidamente os pedidos que me esforço para poder anotar todos de uma vez. Ela não se importa se eu consegui anotar.
- Entendeu? Essa com palmito é sem catupiry, tem que ter cheddar.
Sim, está no cardápio. Vem com cheddar, eu disse.
- É que eu cansei de pedir e vir errado anota aí direitinho.
E eu não sei anotar?
Olho para o colega dela que está na mesa, é o sinal para que ele possa falar seu pedido. Falando com um sotaque meio carioca, meio playboy marrento, pede Schweppes Citrus, esfirra de carne, calabresa e bacon. Acabou de sair da academia, está faminto e quer rapidez.
Recolho os cardápios, volto para a loja, lanço os pedidos na tela. Me deram um login e uma senha, sou o extra atendimento. Me chamam assim por que só trabalho no final de semana.
Volta para fora, atendo, repito basicamente algumas operações e atendo os clientes. Perco a conta de quantos são, quem são, o que pedem. Mas anoto tudo direitinho. Me falaram que tem que anotar tudo certo e assim eu faço.
Depois de muito tempo, paro para perceber que não havia feito minha pausa, tenho “direito”. Quando vou sair, me avisam:
- Agora não dá, tá quase na hora de fechar, o patrão não gosta que saiam no final do expediente. Tem que ajudar a fechar tudo.
Num domingo, o gerente, me chamou para ser seu extra-fixo.
- Olha que chique? Meu extra-fixo. Topa ser?
Assenti, era madrugada, estava exausto do trabalho, havia ficado de pé até às uma e meia e não tínhamos terminado de recolher as mesas e cadeiras e fechar o lugar. Todo mundo por lá sempre dizia:
- Olha as câmeras ai, ele não gosta que ninguém vá embora antes, todos têm que ir juntos.
E assim ficava, até fechar o lugar, depois de ter se tornado o “extra-fixo”. Catei meus 50 pilas e lembrei que teria que acordar cedo naquele dia, daqui a pouco, e estudar pra uma prova que teria, enquanto todos estariam na praia, no calor veranil da cidade.
Mas tudo bem, pensei:
- Agradeça por tudo menino, agradeça por tudo! Minha vó diz sempre isso. Além do mais, o dia tinha acabado.

Continua...

segunda-feira, 11 de março de 2013

A importância da Universidade no Brasil que vivemos hoje



 Ao analisar os últimos 10 anos de Brasil vimos que  ele mudou. O Brasil do passado era a promessa de “País do Futuro”, “Estado sem-memória”, “Republiqueta das bananas”, País do atraso, da pobreza, da corrupção, da desigualdade social e da má-qualidade de vida de sua população.

O Brasil de hoje é credor do FMI (Fundo Monetário Internacional), incluiu mais de 1 milhão de estudantes em Universidades com o PROUNI e dobrou o número de Universidades Federais com o REUNI, reduziu sua desigualdade social - na última década a renda dos 50% mais pobres do Brasil cresceu 68%, enquanto a dos 10% mais ricos cresceu apenas 10%, enfrentou os Bancos e Credoras reduzindo a taxa de Juros, o modelo de acumulação de capital especulatório para um produtivo, incrementou substancialmente seu investimento em ciência e tecnologia, fortaleceu sua cultura e diversidade nacional, gerou mais emprego do que em qualquer outro período da história, está mais eficiente, combateu a corrupção inclusive com inovações em mecanismos de controle como Controladoria Geral da União, O Portal da Transparência  a autonomia do Tribunal de Contas, da Procuradoria da República, da Polícia Federal e o aumento de investigações e operações de punição do mal feito mesmo que “sangre a própria carne”. É uma nação soberana e com um projeto de país que não perde de vista que o seu modelo de desenvolvimento é para dar mais qualidade de vida a população brasileira e a estimular o desenvolvimento da America latina e das nações pobres.
Quando faço esta análise, retrocedo historicamente e percebo que o Brasil em sua consolidação enquanto nação, teve períodos políticos que trilharam Eras e acontecimentos que mudaram histórias.

Podemos falar que a primeira mudança moderna no país acontecera a partir de 1880. O Brasil abandonou seu regime de escravidão, rompera com a monarquia e inaugurou sua era de Estado de Direito com sua primeira constituição republicana. Essa Era se estendeu ao menos até 1930 quando Getúlio Vargas com apoio dos burgueses e industriários nacionais implantaram a “Revolução de 30”, neste momento o Brasil começava a trilhar sua caminhada rumo às cidades, a formação de um mercado interno, da classe trabalhadora e da Primeira Consolidação de leis trabalhistas – CLT, foi neste período que o Brasil abriu de maneira mais organizada enquanto política nacional fortes relações de comércio, política e economia com outras nações mundiais fora da lógica do período colonial. Também foi o período de aprofundamento da dependência do capital americano contraído em dívida externa para projetos industriais e de infra-estrutura afim da formação de uma indústria de base nacional.

Passada a conhecida Era vargas, vimos um período de acontecimentos de instabilidade política provocada pelos latifundiários atrasados que queriam o mesmo modelo agrário monárquico com o recém-formado empresariado nacional e seus trabalhadores. Acontecimentos que culminaram em outra Era – o período Civil Militar que através das forças armadas unificou os latifundiários nacionais e o empresariado alinhado as relações norte-americanas para governar o país e gerar ordem e quietude no povo do campo e na nova gente das cidades. Este período por sua vez foi a consolidação de uma nação urbana e industrial, de um país com crescimento econômico concentrado na mão de poucos, diminuição liberal dos investimentos do Estado nas áreas sociais, inflação em alta, derretimento do poder aquisitivo dos brasileiros, aumento exponencial da violência, ilegitimidade das instituições nacionais, dependência direta do capital estrangeiro.

Já o fim desta era sem liberdades democráticas, culminou outro período de acontecimentos com instabilidade política que foi a década de 1990. Nessa época a Nação foi vilipendiada, o patrimônio nacional fora vendido, o poder de compra e renda da sociedade derreteu, o Brasil parou de empregar e viu sua soberania nacional se ater a “passar o pires” de um país endividado e refém do Consenso de Washington – Quem não se lembra do episódio do Chanceler Brasileiro ter que tirar os sapatos no Aeroporto americano? Ou dos boatos de calote brasileiro de um país na bancarrota? Também foi a era de investimento ZERO na educação, de nenhuma criação de Universidades federais e sim de fechamento de algumas e dos CEFETES, nenhum investimento em pesquisa, ciência e inovação, nenhum curso novo, fechamento de vagas na educação, ausência de plano de carreira dos professores, financeirização da produção nacional, aumento exponencial dos juros, engavetamento de investigações contra a corrupção, compra de votos para a reeleição de FHC, ingerência na autonomia das instituições e da Polícia Federal, Estado Democrático de Direito inaugurado com a Carta política de 1988 ignorado.

Vivemos um novo Brasil. Novo por que ao escolhermos Lula Presidente, criamos novamente outros acontecimentos que estão mudando a história. Optamos por ter um projeto de nação bem delineado, que seja justo, democrático, não só na forma mas na participação, que inclua as pessoas, que distribui renda e que fortaleça a soberania econômica, política, e social do Brasil colocando-o num outro papel no mundo. Quando elegemos Dilma Presidente, optamos por continuar este projeto mas acentuar mudanças. Queremos um Brasil que produza, gere empregos e dê qualidade de vida para a população e não que especule dinheiro não produtivo. Queremos o fim da pobreza, da desigualdade e da ineficiência do Estado. Queremos que nossa democracia seja plural e que a informação consiga ser produzida e difundida por todas as opiniões em equilíbrio e não apenas por 6 famílias brasileiras. Queremos que o mal feito seja duramente reprimido, que a reforma política seja pra valer e principalmente – Queremos um Brasil que atue no mundo de modo a garantir outro modelo de desenvolvimento.

A crise de 2009 não é apenas econômica, ela é o apogeu de uma sociedade em crise de paradigmas gerais. O Capitalismo mostra todos os dias que seu modelo selvagem e de crescimento a todo custo, gera pobreza, desigualdade e morte. Qual o papel da educação nessa conjuntura? O movimento estudantil acaba de sair de um Congresso das Entidades Gerais da União Nacional dos Estudantes com uma resolução de Assistência Estudantil na linha certa destes últimos acontecimentos, mas com um modelo de organização e mobilização dos estudantes que não ajuda-nos a superar os desafios que o Brasil e a Universidade Brasileira enfrenta.

Vemos que para muitos dos que fazem movimento estudantil – dos que se auto-intitulam esquerdistas ou dos governistas, fazer movimento estudantil não é em prol dos estudantes e dos brasileiros, é em prol de uma batalha de egos e organizações políticas para ver quem assume o controle das decisões de uma entidade. Aqui na UFES, na UNE ou em qualquer universidade, sempre nos deparamos com os “iluminados” e os de “esquerda”, os “governistas”, tanto faz se virou rótulo quando o que só querem, são as entidades estudantis pra fazer disputa de poder. É muito bonito ser de esquerda, governistas, etc, e te arruma uma credencial com uma galera legal se tiver afim (sic).

O Movimento Estudantil não pode ser pra isso. Há mais gente nas Universidades e há um outro Brasil se formando a cada dia sem a nossa ajuda. Todos nós estudantes só estamos nela por ser uma opção da sociedade brasileira que investiu caro e pesado nestes últimos anos, com bilhões de reais para que a Universidade pudesse dar respostas para os problemas e desafios que temos no Brasil.
Não adianta ter discurso de que defende o “povo”, os “estudantes”, as “minorias”, os “fracos e oprimidos” ou os que mais precisam. Tem que ter prática, mostrar por “A +B”, dar exemplos reais como os vistos pelo Brasil em sua esfera macroeconômica, política e social. 

Tem que realmente querer conectar os estudantes, querer que a opinião seja plural, querer respeitar as diferenças e querer ouvir mais gente. Ainda que se abra mão para flexionar a opinião e fazer aquilo que mais gente quer. Os que não fazem isso não só não me representam como não representam em nada os estudantes do dia a dia da Universidade. Estes no máximo se representam e a seus interesses ideológicos e políticos. Ou cada estudante, principalmente aqueles que não aceitam esse método de movimento estudantil, se organizam para dar um basta e fazer diferente, ou todo o projeto de futuro do Brasil estará nas mãos de quem nem sabe nem o que que é isso.






segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Verdade, realidade e validade da atual ordem do Sistema Político-Eleitoral Hegemônico na Social-Democracia Brasileira


*Pedro Teixeira

Há séculos atrás surgiu na humanidade a Teoria de que ao nascermos, somos como tábulas rasas. Locke ao afirmar-nos assim, queria chamar atenção para o fato de que somos fruto de nosso aprendizado com o meio social e ambiental que vivemos, perfeitamente modificáveis. Queria se libertar do enrijecimento escolástico liderado pela Igreja Sacra.

Passado alguns séculos, com o fim da guerra fria e das verdades dualistas que o mundo adquiriu na disputa URSS x EUA os teóricos do pós-muro de Berlim capitalista, chegaram a afirmar o fim da História.

Vimos com o estruturalismo filosófico a tentativa de encararmos realidades que por terem superado seus questionamentos iniciais de validade e eficácia num dado momento histórico, se tornaram realidades objetivas universais e imutáveis.

O que temos de novo? A modernidade recente travou uma luta política, ideológica e econômica para tornar o estruturalismo hegemônico, e assim, conseguir proclamar o fim da história. Remontaram-se num período do Hegelianismo clássico para afirmar ser de Hegel tal concepção.

Não entendiam toda via que Hegel, filósofo como era, precisava montar um sistema aonde em dado momento se chegasse a um topói, um limite de sustentação de seu arquétipo para se vir justificado ainda que tal justificação carecesse de realidade concreta.

Tanto é assim que toda a obra Hegeliana nunca negou pela dialética, ver sua realidade superada pelo tempo, pois “tudo que é real dentro dos domínios da história humana, com o tempo vira irracional.”(Textos Filosóficos – Marx, Karl e Engels, Friedrich, 1845).

Optou o estruturalismo burguês, de se apropriar ideologicamente apenas de seu sistema filosófico e abandonar sua dialética do pensamento.

Brilhantemente, Marx juntamente com Engels perceberam a “falha” ideológica e se desviaram do pensamento Hegeliano, para a vertente dos jovens hegelianos mais a esquerda, com vista a superação das verdades e ordens universais que, como todo contexto histórico, em algum momento deveria ser dado como irracional e irreal.

Via-se, portanto uma profunda crítica aos filósofos da Escola Alemã que sob a égide de revolução silenciosa pelo espírito de ideias, nada observavam sobre as angústias sociais da Prússia faminta do Estado absolutista. Pelo contrário, justificava a justiça pelo princípio da legitimidade do Estado em agir em exploração e desolação com os hierarquicamente inferiores.

Ao afirmar Marx que “os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de modos diferentes, mas o que importa é transformá-lo”, podemos ver já no século XIX uma profunda clareza sobre a humanidade enquanto produto de sua história e superação.

No século XXI, com o ápice do sistema capitalista em que corroboro com Hobsbawn, Boaventura, Milton Santos e Rosa Luxemburgo, que caminha para a “barbárie”,  vemos na sociedade atual um giro de concepção automático, sem “reflexão” em que o cada vez mais individualizado, fragmentado e imediatista se resume a capacidades de contemplação egocêntrica, dualista  e torpe que nos incomoda.

As eleições em 2012 ao menos no Brasil foi o maior prenúncio de que ao menos no plano político, caminhamos para a Barbárie enunciada por Rosa Luxemburgo e pela qual optamos esquecer-se de ouvidos. 

Houve nesse ano eleitoral a perfeita transmutação do sentimento individual para o momento político-eleitoral que vivíamos.

Não só exacerbadamente o personalismo ficou acima dos partidos e seus conteúdos programáticos, como a população, extremamente preocupada com seus afazeres novos e muito mais intensos assumidos no último período do Governo LULA com o incremento no poder de compra, nível de escolaridade e tempo livre, renegou e se desacreditou do papel da política na transformação social.

A mídia, acompanhada do fortalecimento das instituições punitivas e do aprimoramento das leis contra a corrupção, inseriu no eleitorado a ideia de não legitimação do sistema político vigente.

Assentou-se assim o sentimento de capacidade de compra e de substituir o Estado e sua política pelo mercado e pelo consumo.

Sendo assim, a falta de eficácia e validade do processo eleitoral (Bateu recordes em votos nulos e brancos, houve esvaziamento partidário – teve candidatos em que a logotipo partidária sequer apareceu), traz a urgente reflexão de que este dito fim da história, no que se aplica ao atual modelo político que rege o País, precisa de profundas transformações.

O Próprio PSOL que há 7 anos atrás, saía do PT contra as “espúrias alianças-eleitorais com partidos sem alinhamento tático nem estratégico ideológico” (carta de saída da APS, 2005), obteve neste ano um incremento em sua população governada, saltando dos cerca de 3% para algo em torno dos 10%.  Isso tudo, sob uma nova concepção de alianças e governabilidade que em nada se diferencia do PT ou dos demais partidos no sistema brasileiro.

Fechou-se com o DEM, o PPS, o Sarney e o PSDB em locais conjunturais sob justificativas pessoais.

O PT optou, ainda que 20 anos após sua fundação em aceitar e a ceder às políticas de alianças em nome de governar o País. Já está no comando do poder executivo há uma década e em 2012 mostrou sua vitalidade e capacidade de reoxigenação com a vitória de Haddad em São Paulo, bem como em suas reformas de organização interna oriunda de seu 4º Congresso sobre a fidelidade partidária, a limitação de candidatar-se no poder legislativo por mais de 4 vezes e na reserva de vagas para mulheres, negros e jovens nas instâncias de Direção do partido entre seus militantes.

Vimos também a exposição de vários outros novos quadros para a disputa eleitoral, condizentes com os anseios da classe social emergente criada a partir dos Governos do PT, bem como a notoriedade no plano da Política de Desenvolvimento Nacional, na implantação de um Estado de Bem Estar-Social que distribui renda, fortalece as instituições nacionais, garante emprego e fortalece nossa soberania, o que nos diferencia da Social Democracia Neoliberal Privatista, mas, que infelizmente ainda é capitalista.

O PSOL abre mão de seu programa em suas alianças em nome de quê? Um dia dirigir o País? Razoável e inteligente para um partido que essencialmente disputa poder. Mas se é esse o motivo, por quê não defende a REFORMA POLÍTICA? Por que não se alia para a superação da Socialdemocracia em nome de uma nova ordem? Por que insiste em criticar o PT? Quer desconstruir o caminho trilhado, fazer exatamente igual e depois deixar outro para executar sua transição teoricamente pensada?

Não espero respostas finais, até por que elas mudam conjunturalmente. Escrevo, para evidenciar o fetichismo que nos impõe ao afirmar que a política vista pelos acordos espúrios, pelo assistencialismo, pela corrupção, pelo patriarcalismo e pela individualidade é a única possível.

Uma verdadeira Reforma Política, aliada a uma necessária reforma cultural e de democratização das informações, não só urge em vitalidade para o Brasil ideologicamente desfarelado que saímos destas eleições, como é fundamental para a continuidade do processo de transformação do Brasil, a formulação de uma nova ordem que por ser democrática, precisa ser fruto de nossas experiências acumuladas, dentro de uma novo ambiente possível.

As verdades absolutas e universais de Habermas, só auxiliam as ordens vigentes. A análise do materialismo contemplativo de muitos teóricos marxistas com seu ultrajante rigor, como o próprio Marx categoricamente afirma, só os ajudarão a estabelecer uma “contemplação dos indivíduos isolados e da sociedade civil” (Marx, Textos Filosóficos, Pag 11) porém sem transformá-la.

O objetivo, quando a esquerda assume o poder, deve ser, portanto o de transformar a ordem vigente para uma nova realidade sem nos esquecermos de que “Toda a vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios que fazem desembocar a teoria do misticismo encontram solução racional na prática humana e na compreensão desta prática” (Teses Sobre Feuerbach, Pag 23)

Se a compreensão prática é a de que se fazem necessárias etapas de transição para países como o Brasil, de dimensões continentais, na modernidade líquida da atualidade, se faz urgente que essa transformação venha pela superação da Verdade Universal e pela busca prática de uma verdade necessária, mas para nosso atual momento histórico e que tenha base dialógica com o pragmatismo Rortysiano da justiça, democracia e equidade concreta nas relações entre a sociedade e a natureza.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Versos soltos - Amor na Primavera

Versos soltos - Amor na Primavera

Quando a escuridão do inverno me abateu em tristeza profunda
nada fiz.

Quando percebi quão inútil é a tristeza do inverno pois ela faz história,
apenas aguardei.

Quando a primavera chegou,
com seu vestido floral e forma angelical,
Só a recebi.

Não dá pra imaginar o que não aconteceu,
nem as primaveras que virão se não a recebê-la.

Prefiro viver nela,
do que viver a incógnita de se negar a tentar. 

Pedro Teixeira

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Sentimentos em Atos...




Praia: Frio, Distante.
Sul: Ternura, intensidade de sentimentos. 
Amor: Sentimento que eleva-se em Suspensão.
Sorriso de Jabuticaba;
Felicidades de múltiplas percepções;
Quente, Cresce, Queima;
Ternura de Borboleta.




Pedro Teixeira