quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Autobiografia ambiental - by Pedro (leia até o final)

Meus primeiros anos se passaram em um bairro estritamente residêncial. As casas eram em sua maioria de um pavimento apenas. Também havia vários terrenos vazios devido ao espaço geográfico da cidade.

Eu, morava em um conjunto residêncial com vários prédios de 4 andares.

Nele, havia um parquinho, quadra e pista de multiplo-uso, quiosques e um salão de festa.

Morava com meus pais. Meu apartamento era no térreo. Minha irmã veio quando eu tinha seis anos.

Tive dois cachorros, um coelho, um passarinho e um rato.

Até a morte do meu pai aos meus 14 anos, sempre saíamos aos finais de semana. Papai gostava de me levar aos sábados pra sairmos sozinhos, sem as “meninas`` da casa.

Íamos ao shopping, lanchar e o meu preferido degustar vinhos.

Lembro que ele me falava que uma mulher poderia estar na dúvida se gosta de você mas nunca pode ficar quando beber do seu vinho.

Meio ridículo mas nunca esqueçi.

Tive várias crises de identidades, várias mudanças ideológicas principalmente agora na minha juventude.

Depois que meu pai morreu, foi como se elas viessem quase sempre e ao mesmo tempo.

Isso é bom. A adolescência é a fase das transformações e estabelecimentos. O corpo, o caráter, os idéias, a profissão.

Minha primeira viagem foi á Bonito-MS, deveria ter uns nove anos mas lembro como hoje, a cidade não tinha muita estrutura mas a paisagem, era deslumbrante.

As pessoas nadavam no meio dos peixes, águas cristalinas, cachoeiras e cavernas.

As construções eram quase sempre de um pavimento, haviam dois hotéis um mais vertical com uns seis andares e o outro espaçado mais verticalmente. Com vários chalés.

Outra viagem que não vou esqueçer é a ida a Brasília e Goiânia.

Brasília ao primeiro momento é muito feia vista de carro.

Sem calçadas, esquinas e com muito, muito mato. Além disso, tem muita favela em sua região periférica. As pessoas acabam esqueçendo desses problemas quando conheçem as famosas obras arquitetônicas de Niemayer. Tudo até hoje, 50 anos depois de sua criação tão Moderno.

Fiquei de boca aberta com a organização dos setores, ao mesmo tempo triste por ver que não é uma cidade feita para todos mas para acomodar o funcionalismo público e os influentes do poder.

Goiânia é muito mais arborizada, bem parecida com Campo Grande-MS nesse quisito e lembra muito bem Curitiba-PR com seus corredores exclusivos e organização de espaço.

Gostei também de Florianópolis. A cidade-ilha, apesar de ser muito cobiçada turísticamente não permitiu que o boom imobiliário estourasse e fizesse ocorrer a verticalização. Na entrada da cidade, aos arredores da avenida beira-mar há vários prédios imponentes e moderno mas a estrutura praiana é bem simples, como se o progresso não tivesse estendido seus tentáculos a “Floripa``.

Água limpa, praias paradisiácas, fui para o Fórum social mundial. Uma meninada muito politizada do antigo Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFETES.

Também vale lembrar os anos em São Paulo, Vila Mariana. Uma dos primeiros bairros da cidade, as casas um pouco mais antiga, estilo Brasil anos 1920,1930,1940.

Aranha-céus, vias expressas, túneis, pontes, viadutos, prédios arquitetônicos de quase todas as vertentes modernas e pós-modernas do séc. XX e XXI.

Enfim, há outras cidades como Londrina-Pr, Porto Alegre, Salvador e Cuiabá que eu já passei mas essas descritas ajudaram na minha formação.

Campo Grande, O lugar da morte do meu pai, São Paulo a cidade cultura e cosmopólita que me contagiou, Brasília e Goiânia que me deu uma nova percepção de mundo, da amizade e da politização.

Por fim, Florianópolis me ajudou a perceber que as coisas podem ir mais devagar, a vida mais divertida, as amizades mais verdadeiras.

Mas não há como não falar de Vitória.

Me assusta recordar e voltar no tempo dois anos atrás na minha chegada, e perceber que hoje sou uma pessoa completamente diferente. Isso é tão bom.

Havia um menino, hoje há um homem.

Pude aqui, abrir meus olhos e comtemplar as amizades, os amores intensos, alegrias e tristezas quase ao mesmo tempo, e ver quão grande é o poder de dominação do homem em relação a natureza.

Aterros, impermeabilização em massa do solo, dizimação do mangue, verticalização do espaço, pobreza, favela, riqueza, mansões.

Formei meu caráter ou grande parte dele, defini o que me repugna e o que me atrai, o que é bom pro meu futuro e o que não é.

Aqui que escolhi viver o resto da minha vida, ter meu início de formação profissional no antigo CEFETES, hoje instituto federal, mais atualmente no Centro universitário de Vila Velha – UVV onde faço arquitetura e fiz amigos e amores que estarão comigo para sempre.

Aqui, e juntamente com que vi nessas viagens defini minha ideologia de vida, política e profissional.

Me apaixonei pelo socialismo-comunista, pelos teóricos como Karl Marx, Engels, Rosseau e Maquiavel.

Defini que a vida pode ser perdida em um miléssimo de segundo e deve ser aproveitada intensamente. Que ela passa e você tem que ter o que contar quando ficar mais velho, que há amigos mas que muito mais são os que te querem ver pra baixo, que tudo é possível e nada é inventado mas sim plageado de alguma forma, seja através de longos conhecimentos adquiridos numa vida ou através da criatividade de outro. Que se não lutarmos nada cai do céu e que nós somos nossos senhores e não o destino ou as pessoas.

Que o verdadeiro e único culpado do nosso fracasso ou da nossa vitória somos nós próprios e que não há nada que esta ruim e que dure para sempre.

Descobri a sensibilidade nas coisas, nas contruções, nas paisagens, no ser humano e no espaço. Fico indignado quando vejo as pessoas cometendo infrações idiotas como andar de patins numa ciclovia que é uma via de transporte exclusiva para a bicicleta, um meio locomotivo definido pelo código brasileiro de trânsito, quando vejo milhões de reais sendo gastos em prédios quadrados e sem doçura com um apartamento por andar e tanta gente morando na periferia, excluído ou quase da sociedade imposta.

Fico louco com o preconceito que nada mais é do que um conceito negativo de algo, ou alguêm que se desconheçe ou que não se abre o coração para conheçer.

Indignado com a corrupção, a fofoca, a falta de ética e respeito e a falsidade.

Me perguntando como fazer para que todos tenham uma vida com dignidade, que todos morem bem, e possuam sua casa, que os transportes públicos sejam eficientes e que em primeiro lugar venha a educação, não consegui ter a resposta para tudo isso mas garanto que elas estão sendo escritas e algumas executadas.

Vivo pra viver, aprendo pra ensinar e ajudo para ser ajudado.

A vida é feita de muitos desafios e eu tento vencê-los. :)


Pedro Luiz

2 comentários:

jean; disse...

comassiiim ? você não comentou que me conheceu ? brinks, mics. hahaha. se eu fizesse um texto desse sobre minha vida, acho que dormiria antes de terminá-lo x.x

Andrade, Pedro Luiz disse...

kkk pq? ela nào é estática pode ter ctz, muito pelo ao contrário.
A propósito, quis relatar oq eu pude aprender com isso tudo e coloquei q a amizade foi um dos pontos em particular; não especifiquei mas disse. :)

Obrigado por perder tempo lendo meu post.