sábado, 2 de abril de 2011

Tucanos querem cortar vagas e fechar ainda mas a USP.


Texto publicado no Blog do Zé Dirceu e que entrevistu um grande companheiro do ME de São Paulo, da Democracia Vermelha e da Mudança. @leandrogpp na luta por uma USP popular, democrática e socio-referenciada.
 
Tucanos querem cortar vagas na USP
Publicado em 01-Abr-2011
 
Uma "modernização" propõe cortar 330 vagas da USP-Leste... Absurdo o que vem acontecendo na USP, mais especificamente na Escola de Artes e Ciências Humanas (EACH/ USP-Leste). A última do reitor João Grandino Rodas  - 2º da lista tríplice, mas mesmo assim escolhido pelo então governador José Serra - é diminuir o número de vagas oferecidas na unidade. E pior, sob justificativa que deixa qualquer um indignado: a baixa nota de corte de alguns dos cursos!

A proposta da reitoria é cortar 330 das 1020 vagas da escola, afetando cursos como Gestão de Políticas Públicas e Licenciatura em Ciências da Natureza, além de propor o fim do curso de Obstetrícia. Este curso enfrenta, ainda, problemas na diplomação e reconhecimento da profissão daqueles que forma.

A USP-Leste é a unidade que mais recebe alunos vindos da escola pública. Como explicar a diminuição de vagas, e até o fechamento de cursos que formam profissionais em áreas que apresentam defasagem deles? Que argumento é esse de garantir a qualidade da universidade diminuindo a oferta de vagas e tornando mais difícil seu vestibular?

Mais uma vez o governo tucano no Estado mostra-se insensível e na contramão do país! Enquanto o governo federal cria novas universidades, extensões, institutos tecnológicos, e institui o PRONATEC para dar mais oportunidade à população, a tucanada faz o contrário! Escancaram mesmo que seu projeto para o país é elitista e privatizante!

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Leandro Ferreira
Para explicar o que está acontecendo na maior universidade do país, entrevistei Leandro Ferreira, diretor da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP) e aluno de Gestão de Políticas Públicas da USP Leste:


Qual é o projeto apresentado pela reitoria?

[Leandro] No ano passado a reitoria apontou diretrizes ao Conselho Universitário para o que eles chamam de “modernização” dos cursos de graduação baseado em sua demanda social. Para eles, demanda social diz respeito à relação candidato/vaga e interesse do mercado nos cursos. A USP-Leste foi uma das primeiras unidades a passar por esse processo. O professor Adolpho Melfi, reitor à época da criação da USP-Leste e coordenador dos trabalhos de revisão este ano, propõe um corte de 330 vagas na unidade, atingindo todos os 10 cursos. Os mais atingidos são os de Licenciatura em Ciências da Natureza que perderia 80 vagas, e Obstetrícia que corre o risco de ser extinto. Tudo isso é fruto de uma política para a universidade que não abre a discussão sobre o significado da demanda social, marginalizando as carreiras de professor e de obstetrizes que discutem com profundidade, por exemplo, a saúde das mulheres.

A reitoria se pronunciou ou tem debatido este projeto com a comunidade acadêmica da USP?

[Leandro] A reitoria não se pronuncia a respeito. Nas audiências públicas e debates para discutir a universidade, seus representantes esquivam-se, ou simplesmente não aparecem. Por outro lado, a política adotada pela Pró-Reitoria de Graduação dá sinais claros de que não pretende manter os cursos da USP-Leste quando não se propõe a discutir mais concursos para professores que os fortaleçam, ou não estabelece um processo de reformulação sério, que inclua toda a comunidade universitária e a sociedade que a sustenta.

Como a comunidade acadêmica está reagindo?

[Leandro] A USP-Leste está totalmente mobilizada em torno dessa discussão hoje. Os estudantes não admitem o corte de vagas e propõem uma revisão que debata com seriedade os aspectos acadêmicos em torno das graduações, como a falta de professores e estrutura física, a sobreposição de disciplinas comuns, entre outros temas. Os professores também querem contribuir com o processo, mas estão sobrecarregados pela falta de quadros para dar aulas, fazer pesquisa e extensão. Além disso, são pressionados e excluídos das discussões pela direção da faculdade e da universidade como um todo. Os funcionários, que também têm sofrido uma série de pressões - houve a demissão de 270 deles - ajudam-nos a entender que tudo isso não é um processo isolado. Faz parte de uma política de sucateamento da universidade pública, na contramão do cenário que temos para o Ensino Superior desde o Governo Lula.

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