quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pela Revolução!

Tema importante para a esquerda Brasileira, definirmos o tipo de Revolução que queremos se torna fundamental neste período de transição eleitoral.

É consenso para todos que um futuro mais justo e promissor passa por um socialismo democrático e de massas. Apesar disto, muitos criticam o Partido dos trabalhadores, que se propôs a seguir nesta empreitada adotando o socialismo em etapas, mas não propoêm nada, em resoluto, de diferente do PT.

Os que se invocam a "Esquerda Brasileira" afirmam que a “Era Lula” não passou de um engodo onde o partido se aliou com a burguesia e manteve o sistema democrático burguês, traindo os que escolheram o LULA. Acharam como "solução" romper com PT e criar o seu próprio conglomerado de disputa do poder estatal, afirmando que agora, se eleitos, farão diferente.

Não percebi em nenhum dos poucos mandatos que possuem, sinal de rompimento com a classe burguesa nem com a ordem pseudo-democrática. Pelo contrário, vi o aproveitamento da máquina estatal, comum aos que dela se utilizam, funcionários fantasmas em gabinetes, amplas concessões para emendas no orçamento de execução, enriquecimento em causa própria nas custas do bem público.

Assim, os que criticam o partido, não buscam o rompimento imediato do sistema e o avanço para o Socialismo, buscam apenas o enfraquecimento do PT e a análise metódica dos seus erros para nestes se fortalecerem.  Meros “Esquerdistas”, tão criticados e combatidos por Lênin no início do século passado.

Neste País de dimensões continentais, o socialismo não pode ser imposto. Na Europa a dialética histórica se deu em séculos e com inúmeros confrontos. Além disso, o crescimento do capitalismo bancário, o aprofundamento do liberalismo,  a crise do capital e por fim o paradigma do bem estar social,  não serviram para sustentar  a Revolução.

No Brasil, a história destes acontecimentos é recente. O Paradigma do bem- estar social foi consagrado recentemente por nossa Carta Política em 1988. O liberalismo veio fortemente há  apenas 10 anos com o Estado mínimo de FHC. O Capitalismo e as relações de consumo já existiam, impostos pelo imperialismo americano que agiu muito na América Latina dos ditadores e que piorou a situação. Somados estes fatores, tudo se convergiu para a “salada” que hoje vivemos e que não sustenta um socialismo permanente.

Falar de rompimento do sistema burguês agora, seria suicidar o Socialismo antes mesmo dele existir. Seria pedir para não aproveitarmos a história fazendo as reformas que precisamos na democracia burguesa e assim estabelecermos bases para romper com o capital. Marx na carta sobre o programa de Gotha concordava categoricamente com esta visão quando escrevia aos dirigentes do partido Alemão afirmando a necessidade da realização de acordos com a burguesia que visassem os objetivos práticos do movimento e que não desvirtuasse m os princípios socialistas nem nossas concepções teóricas. Lênin ja criticava o dogmatismo, e combatia o esquerdismo, abrindo portas para usarmos a democracia burguesa em favor de nossa classe e prepararmos o povo e a economia rumo ao socialismo que queremos.

Portanto, o governo Lula, em 2003, após ter tomado posse, não tinha outra escolha a não ser a hoje praticada. Mesmo sendo um governo contraditório, não poderia caminhar para o socialismo num País sem reservas internacionais, com o Estado inoperante e incompetente, com o serviço público sucateado, o ensino que sequer supria necessidades agrárias, uma população marginalizada socialmente, pobre, vertiginosamente desempregada e sem poder de compra.
Como fazer um socialismo assim? como ter alguém preocupado com a revolução se nem a comida do seu filho se tem? é preciso inserir o  Brasileiro no mercado, resgatar sua dignidade para depois juntos, fazermos a Revolução. 

O Socialismo não pode ser imposto por mero capricho dos esquerdistas. Aliás, a aposta da burguesia (e dos que romperam com o PT), era exatamente a de que Lula romperia com o sistema atual e naufragaria a utopia socialista de vez, levando o país a bancarrota, estagnação e forte depressão social e assim sob o desespero e com os movimentos sociais desorganizados, “aparecesse um alguém para salvar o Brasil”, apoiado por toda a população, mas criado pela direita e pela elite reacionária que até então, detinha o poder.

Ainda bem que deu errado o plano da Direita. Que bom que a democracia do partido, expurgou os esquerdistas e favoreceu um plano de governo que pudesse dar sustentabilidade e base para no futuro, o sonho petista poder ser implantado.

Que nesta eleição, Dilma possa ser empossada pela população e garantir nosso socialismo por etapas, mais demorado, mas que muda de fato, hoje e agora, a vida do Brasileiro  e proporcionando uma sociedade mais justa e igualitária.

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