terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Nota da Juventude do PT sobre o recorrente aumento da passagem do Transporte Público da Grande Vitória – TRANSCOL.

O ano de 2011 foi marcado por mudanças. Sem dúvida a troca de gestão da coisa pública no Estado foi um fato decisivo para que tais mudanças acontecessem. 

O antigo método do poder executivo de lidar com os movimentos populares, além de ser ineficaz, era complicado e praticamente inacessível aos movimentos sociais.

Com o Governo Casagrande, o movimento social, entre eles, o movimento estudantil, retomou sua expectativa de diálogo e contrapeso do Estado, através de intensas mobilizações contra o aumento que desembocaram num dia de repressão e violência por parte de um ainda antigo Estado que mesmo no século XXI, continua a tratar sua população nos moldes do Leviatã do século XVII.

Passados aqueles dias, o Governo retomou sua capacidade de governar, proporcionou algumas medidas transitórias como o sistema online, a compra de novos ônibus, um fórum de debates, a criação do Conselho de Mobilidade Urbana, entre outros. 

Infelizmente este mesmo agente, não conseguiu avançar no cerne principal de nosso transporte público: o modelo de sistema e de contrato empregado para sua execução. 

O Espírito Santo paga mais de 70 milhões de reais num subsídio as concessionárias operadoras do sistema para que a passagem do cidadão comum fique mais barata. 

Tal subsídio, além de desindexar a conta e transformar o preço da tarifa em duas – a final e a subsidiada, descola o subsídio da realidade e inflaciona os preços. 

Para quem não sabe, hoje pagamos ao Sistema Transcol R$ 3,05 de tarifa onde R$ 2,45 são pagos pelo cidadão diretamente e outros R$ 0,60 centavos são pagos pelo Estado indiretamente.

Temos hoje, sem sombra de dúvida uma das mais dispendiosas tarifas de transporte do Brasil. 

O sistema de interligação do TRANSCOL, tão aclamado e defendido pelo Governo do Estado em 30 anos, hoje se mostra deficitário e ineficiente. Com a ampliação dos destinos finais de cada linha, temos pouca rotatividade no sistema e passageiros que num mesmo ônibus, se deslocam de Jacaraípe à Viana. 

Tal peripécia é sempre paga pelos contribuintes com viagens maiores e intermináveis e quase sempre significam poucas opções de ônibus e uma lotação absurda nos horários de saída dos trabalhadores das cidades periféricas à Vitória e no horário de retorno dessa população às cidades-limites de Vitória. 

Essa é hora de ao invés de ficarmos nos estapafúrdios discursos do contra o aumento ou a favor do aumento e de quanto ele será ou não, de começarmos a construir no Estado do Espírito Santo um clima para a criação de um novo modelo de sistema, MODERNO e justificável para uma região metropolitana como Vitória e um novo tipo de contrato, que priorize deslocamentos menores e rotatividades maiores e que indexe a tarifa final ao subsídio, afim de sua gradual extinção. 

A gestão Paulo Hartung se baseou na continuidade de um sistema arcaico, poluente e menos humano – o transporte por rodas. Resolveu dar um upgrade com o BRT e infelizmente este governo, não dá sinais de mudança na matriz de transporte. 

O problema não são os aumentos que seguem a inflação nominal. Talvez a grande revolta dos estudantes e da população seja o mascaramento do preço final de um sistema visivelmente falido e desumano. 

Somos uma metrópole com mais de 1,5 milhões de pessoas. Não podemos planejar nossas cidades para o futuro com matrizes de desenvolvimento que não dão mais certo nem em cidades pioneiras neste sistema como Curitiba, Bogotá e São Paulo. 

A juventude do PT é contra qualquer atitude desorganizada e eleitoral neste período de turbulências.

Chuvas, alagamentos, trânsito caótico, vias estranguladas. Somos contra os anos que vão se passando sem que o Espírito Santo consiga de fato achar uma gestão para a coisa pública comprometida com o futuro e com um novo modelo de desenvolvimento para o Estado que não seja rodoviário, poluidor, extrator e intrinsecamente ligado a algumas unidades de grupos econômicos desajustados. 

Precisamos ousar mais e apresentar alternativas reais de desenvolvimento que fomentem os crescimentos regionais, a produção e indústria local e que não nos deixe reféns única e exclusivamente de cartéis rodoviários para nos locomovermos e de multinacionais para produzir e crescer. 


Pedro Teixeira
Secretário Estadual da Juventude do PT

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