sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Pelo Protagonismo da Juventude na Revolução Cultural.

Reflexões sobre o texto encaminhado aos “Companheiros coordenadores da Mensagem e companheiros militantes de nosso movimento”

*Pedro Teixeira

Gostaria de tecer alguns comentários a respeito da resenha do companheiro Tarso aos coordenadores e companheiros da Mensagem ao Partido.

Em primeiro lugar, um texto da atual envergadura mostra o quão preparado está o companheiro para suscitar debates centrais dentro da Mensagem, do Partido e da Nação.

Em outro plano, quero chamar a atenção para através deste texto, suscitarmos um amplo debate dentro do MAIS e da Mensagem ao Partido sobre o tema central que fora colocado por Tarso, o Partido dos trabalhadores vive hoje um paradigma: Não ser mais um “ partido revolucionário contra a ordem, nas origens do PT”  e ter que conviver com a idéia de ser um “partido socialista de natureza radical-democrática dentro da ordem”.

Ser um Partido socialista dentro da ordem significa ter responsabilidade para com o sistema, a sociedade e a nação. É muito mais do que ser um partido de oposição e fiscalização de um governo, é garantir que no curto e médio prazo, o país se desenvolva no sentido de garantir a paz social, o alimento na mesa da população e a manutenção do CAOS.

Retroagir para o movimento primitivo de socialismo clássico e que infelizmente ainda hoje os esquerdistas radicais pautam, é não se preocupar com todo um país de dimensão continental que possui necessidades imediatas. No entanto, como ter que cuidar da manutenção do sistema para não promover o caos, sem perder de vista a real necessidade de implantarmos o socialismo através desta revolução democrática defendida por todos nós?

Sem dúvida a disputa pela hegemonia política de projeto para o País nos espaços estatais é um caminho real e necessário para termos a governabilidade necessária.

Daí a real necessidade de disputarmos o governo e o partido coerentemente e propositivamente para garantirmos que esta disputa de hegemonia, não seja apenas para se ter o poder pelo poder e nem garantir a pura e simples manutenção do status quo do Partido dos Trabalhadores no aparato estatal.

Identificarmos que o Governo Petista está em disputa, tanto dentro de nosso partido (por pessoas com visões mais inclinadas a retroagir para o esquerdismo ou para o neoliberalismo), como dentro do governo (pela direita reacionária), é extremamente necessário para que nós internamente, possamos analisar como intervir  tanto no âmbito estatal quanto partidário.

Dessa forma, quero nestas considerações dialogar com a esquerda do Partido e principalmente dentro da juventude, alguns pontos de ação que não fora mencionado no texto em reflexão.

1)     O Partido passa por uma crise etária em que a falta de transição geracional provocou um envelhecimento de nossos quadros, um engessamento de nossas estruturas que por estarem a muito tempo com as mesmas pessoas, acabam provocando a manutenção no poder de uma mesma visão política e de uma mesma tática, praticadas pelas mesmas pessoas envelhecidas.

2)     Há uma real necessidade (se quisermos colocar em prática todo o modelo proposto pela Mensagem e por todo o aparato teórico acumulado por nós até hoje), de os “velhos” que compõem este campo darem a oportunidade e viabilizarem as condições para que nossos quadros de juventude possam entrar e ganhar a disputa da gestão de políticas públicas no Estado, para que possamos empregar este novo entendimento político e tática em que a juventude se reivindica como formuladora. 

3)     Essa real necessidade é mais urgente quando analisamos o momento que passamos na sociedade brasileira. Estamos vivendo os frutos do babyboomer  nacional em que hoje a quantidade de jovens de 15 a 29 anos no País ultrapassa os 50 milhões. Somos praticamente 1/3 da população nacional é há uma real e imediata necessidade de desenvolvermos políticas de governo que coadunem numa verdadeira revolução cultural principalmente para esta camada da sociedade que num futuro muito próximo será a que terá um protagonismo fundamental no desenvolvimento do País.

4)     Essa revolução cultural é urgente, haja vista que as políticas desenvolvidas ao longo do período Lula I e Lula II, programaram um novo marco no desenvolvimento social e nas oportunidades desta juventude brasileira. Fora ela que se aproveitou do desenvolvimento da “nova classe média”, da oportunidade de acesso ao ensino superior, ao ensino profissionalizante, ao mercado de trabalho, a mobilidade social e ao acesso aos bens de consumo. Entretanto, num tom de crítica, sabemos que o governo Lula não conseguiu avançar para transformar o ideário de toda essa camada da sociedade ou de qualquer outra.  Não é possível podermos falar de um modelo de governo socialista-petista que apenas priorize a disputa de hegemonia política e a governabilidade. É preciso que haja uma real disputa pela hegemonia de idéias dominantes.

5)     Desenvolvemos as oportunidades de ingresso ao mercado de trabalho, mas não conseguimos desenvolver a oportunidade de ganhar os corações e mentes da sociedade. A educação ainda é neoliberal, tecnicista e tem na universidade um meio para atingir um fim – o mercado de trabalho e não a emancipação social do homem. O ensino profissionalizante é ainda pior pois sequer há espaço para divagação teórica. O Tempo é curto e a necessidade de se formar imediata.

Se quisermos trabalhar com a idéia de disputa no partido para garantir que este não se torne um partido social-democrata e/ou reformista, se quisermos trabalhar para que o governo em disputa seja um governo que tenha em voga o tema revolução democrática como fundamental para um plano de país de médio e longo prazo e se quisermos ter a sociedade ratificando este modelo de gestão, é fundamental investirmos maciçamente na transição geracional da juventude dentro do Partido dos trabalhadores e no governo além de uma revolução cultural imediata  que fomente o desenvolvimento das artes, cinemas,  obras literárias, apresentações musicais e qualquer outro tipo de cultura que tenha como análise e lógica o nosso modelo ideológico de pensamento, que consiga disputar a hegemonia de idéias da burguesia e neoliberal tão arraigada em nossa sociedade.

O momento é agora. A formação desse jovem que nos próximos cinco ou dez anos estará totalmente ingresso no mercado de trabalho e na cadeia produtiva e de desenvolvimento do País deve ser desenvolvida imediatamente se quisermos colocar o Brasil no leque de opções alternativas ao sistema imposto e caminharmos para o socialismo emancipador.

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