Existem aqueles que
advogam certa tese sobre o rompimento imaterial de nossa Era, no
que se refere a noção de tempo e espaço na contemporaneidade. A
globalização, o não-reconhecimento enquanto sujeito e classe, a
criação do capital imaterial e a especulação financeira, são
complexas variáveis que influenciaram a internet para torná-la
completamente interligada com a nossa realidade, ao passo de ser ela
hoje a grande Pangeia ou Ágora da vida e de nossas saciedades,
anseios e desejos.
Nessa sociedade, as
redes sociais são portais – chaves de acesso a um mundo virtual
mas “real” no cotidiano da comunidade, ao passo de se impor um
ordenamento social alternativo ou metajurídico, tendo como premissa
a máxima do “Estar bem” a todos.
Anos atrás me
apresentaram um jogo chamado Second Life. Não havia internet
ultra-rápida, a ADSL era nova no mercado e os computadores não
estavam tão robustos. Na inovação da proposta, o mundo era um
simulador virtual, um ambiente gráfico em que pessoas desenvolviam
avatares que se relacionavam, cresciam, e se encontravam em um mundo
global tecnológico, ritual e paralelo.
Nele havia moeda,
ordenamento, comportamentos e expectativas distintas, daquelas de
nosso ambiente físico, mas alimentadas por esse mesmo espaço do
capital material criado por pessoas reais que estavam “jogando”.
Com nossa integração
em nossas redes sociais, nos tornamos “jogadores”, atuantes em
nuvens digitais, que modalizam e virtualizam o real e transformando
ou acentuado opiniões em nossos valores, crenças, ambições e
destino de vida.
Surge uma enorme
time line
de informações excessivas, nem sempre checadas e
confirmadas, e de uma sociedade de multidão, cada vez mais orientada
e reagrupada de acordo com grupos, tribos, opiniões, valores,
compras, ambições e destino próprias do mundo virtual mas que se
inter-relacionam com o mundo real.
A moda se cria, o
assunto nasce pela polemica, os extremismos são intolerantes e
radicais, e no entanto, as pessoas fisicamente são cada vez mais
desprovidas de pertencimento e comunidade, realidade, participação
e ocupação coletiva dos espaços públicos.
Cultura do
neoliberalismo, acentuação do egoísmo Nilista, democratização da
opinião na multidão, busca de identidade e lugar na polis, grandes
problemas de nossa pós-modernidade. A que caminha isso tudo? Qual
seria a contribuição de nossa geração para a humanidade second
life?