domingo, 27 de junho de 2010

O projeto de País do meu partido

A defesa do PT se torna necessária, num momento em que fazemos um retrospecto do passado e nos perguntamos se este é o mesmo partido de 30 anos atrás.
Sabemos que muitos dos pensamentos e conceitos evoluíram, foram transpassados, mas o sonho petista, jamais se deteriorou.
Ao defender o Governo Lula e um possível governo Dilma, me sinto muito seguro, pois, fora este projeto de governo que mudou a face do País.
Falar de números hoje, se torna um tanto quanto desnecessário, tendo em vista que todos sabemos que entre outras coisas, este foi o governo que mais criou Universidades Federais e Centros/Institutos Tecnológicos em toda a História do País, que modernizou e aumentou o número de estradas asfaltadas, que distribuiu riqueza e repartiu o “bolo”, como nunca antes, que tirou milhões de pessoas da pobreza, que mais ascendeu classes sociais, que mais gerou empregos (12 milhões até agora), que estabilizou a economia, para que pudesse crescer seguramente, etc.
A grande questão é que por ter sido um governo contraditório, foi muito criticada por certa esquerda do País. Em nenhum momento, os que criticaram, conseguiram fazer um projeto igual para mudar a cara do Brasil, o que se fala é de um socialismo abrupto, que não se dá em etapas e que está fadado ao fracasso, haja vista que um socialismo num país com milhões de pobres, desescolarizados, latifundiários, e que possui em sua massa uma total desmobilização e preocupação com o coletivo, falar em revolução sem etapas é no mínimo impossível.
O Brasileiro além de em sua essência ser consumista, é um povo que por décadas viu a precariedade de condições de perto. Falar em um sistema que iria repartir aquilo que não se tem, além de ser errado no pensamento de muitos brasileiros, provocaria em nossa mídia e elite conservadora, reacionária, corrupta e bandida uma sede por levar de imediato as massas para o clamor por um impeachment ou quem sabe uma guerra civil.

A REVOLUÇÃO NÃO PODE SER FEITA SEM AS ETAPAS.
O socialismo, acima de tudo, tem que ser conquistado pela consciência do povo. De maneira abrupta, não conseguiríamos apoio das massas e por conseqüente, estaríamos fadados ao fracasso e a perda de um momento histórico na dialética dos homens de fazer um socialismo que dê certo.
Quando o Governo Petista se alia a burguesia pútrida e fétida do nosso País é por que sabe que eles são os que possuem o poder econômico de fato, e para se fazer as reformas estruturais que os trabalhadores e o povo tanto necessitam, é preciso fazer concessões. Lênin, já defendia isso em seus manuscritos, ao criticar os esquerdistas que achavam que os socialistas deveriam ser “puros”, não se misturar, não disputar o poder com os burgueses, e não mostrar seu pensamento socialista na estrutura política dos burgueses.
Além de um erro, mostra quão impossível é fazer a revolução sem ter condições de corroer a estrutura falsa e antidemocrática burguesa, sem destruir seus pilares para quando cair, não conseguir se reestruturar.
Infelizmente, num país que fala de estabilidade da democracia burguesa há apenas duas décadas, que reproduz a idéia de estado social só a partir de 1988 com nossa nova carta política e que só está gozando de um avanço econômico para todos brasileiros nestes últimos 5 anos, falar de uma corrosão da estrutura burguesa demanda muito mais tempo do que gostaríamos.
Dessa forma, defender o progresso muitas vezes contraditório que Lula teve é no mínimo coerente, pois contribuiu para caminharmos no processo da revolução. Defender um Governo Dilma, é garantir que nosso projeto não retrocederá, além de ter certeza de que ela, por ser muito mais técnica e preparada academicamente, além de ser militante de uma esquerda que sofreu, foi reprimida, estuprada e torturada por essa elite reacionária, fará avançar o país para o rumo do socialismo que queremos amplo, democrático, horizontal e de garantias individuais e sociais.
A meu ver, as principais questões agora que precisariam ser resolvidas para avançarmos incomensuravelmente em nossa luta é a reforma tributária; regulamentando o IGF que está garantido em nossa Constituição; assim desoneraríamos o pobre e taxaríamos o rico que não paga nada de imposto comparado ao consumidor direto e os deficitários econômicos do país. Além disso, a reforma da previdência e a quebra do poder oligopolista midiático de nosso país, para dar nas das pequenas e médias tevês e rádios espalhadas por nosso imenso país a capacidade de reprodução da notícia como ela é, e não como os grandes conspiradores almejam.

Mas estas são bandeiras que defenderei numa próxima postagem.

Pedro Andrade

sábado, 26 de junho de 2010

Solidariedade para com as vítimas do "novo" PT

No lugar da ética, entraram os conselhos de Maquiavel


LEONARDO BOFF
Teólogo - iboff@leonardoboff.com.br

Passei um fim de semana lendo pela enésima vez "O Príncipe", de Maquiavel, no esforço de entender a atual política da Direção Nacional do PT. E aí encontrei as fontes que possivelmente estão inspirando o assim chamado "novo PT", aquele que trocou o poder da vontade de transformar a realidade pela vontade de poder compor-se com a realidade.
Nas palavras do candidato eleito pela convenção do partido em Minas Gerais, Fernando Pimentel, depois invalidado em nome da aliança com o PMDB, "o PT novo é o PT que faz alianças e convive com a realidade política brasileira, buscando transformá-la... Não somos mais um partido que coloca a ideologia como óculos escuros para não enxergar a realidade política; operamos com a realidade política do jeito que ela é para transformá-la" ("O Globo", 12.6.2010).
Vamos traduzir esse discurso de disfarce. A ideologia do PT originário era a ética e as reformas estruturais. O novo PT entende esse propósito como uma máscara que não permite enxergar a realidade política do jeito que ela é. Sabemos como é a política vigente, montada sobre alianças espúrias, sobre a mercantilização das relações políticas e sobre a rapinagem do dinheiro público.
Pimentel ainda acredita que, com as alianças, se pretende transformar a realidade, como se, para transformar uma gangue de bandidos, devesse fazer parte dela. No lugar da ética entraram os conselhos de Maquiavel: "ir diretamente à verdadeira realidade das coisas e não ater-se a representações imaginárias" (c. XV).
Para Maquiavel, a verdadeira realidade das coisas é a busca tenaz do poder, as formas de conquistá-lo e de conservá-lo. E aí vale tudo, os fins justificam todos os meios: o perjúrio, o crime e até o bem, se ele trouxer vantagens. As "representações imaginárias" são a ética. Ela não é posta de lado; até vale, desde que favoreça o poder. Caso contrário, pode ser atropelada: "não se afastar do bem quando se pode, mas saber usar o mal, se necessário" (c. XVIII). O importante não é ser bom, mas parecer bom. Não há porque cumprir a palavra empenhada se ela se volta contra o príncipe, pois "jamais faltarão motivos legítimos para justificar o não cumprimento de algo apalavrado" (c. XVIII).
É entristecedor ler em Pimentel que, "nesse processo de renovação, alguns companheiros vão ficar no passado". Esses, na verdade, são os portadores do futuro porque são fiéis à ética e ao sonho de uma política diferente. A direção do PT se rendeu, fazendo alianças escandalosas para se perpetuar no poder, se atolando no passado. O povo não merece ser defraudado dessa forma. Não é investindo em políticas assistenciais que se possa substituir-lhe a dignidade.
Mesmo assim, nas bases, deputados, prefeitos e vereadores do PT ético mantêm vivo o sonho e ão abandonam a questão: que Brasil queremos e de que ética pública precisamos?
Quero me solidarizar com as vítimas do maquiavelismo do "novo" PT, especialmente em Minas Gerais e no Maranhão. Neste Estado está ocorrendo uma tragédia, bem representada pelo histórico sindicalista Manoel da Conceição, de 75 anos, fundador do PT, torturado e mutilado pela polícia das oligarquias, obrigado a votar em Roseana Sarney, do PMDB. Da mesma forma quero me solidarizar com as vítimas de Minas Gerais, com Sandra Starling, com Durval Ângelo e tantos outros.
Nem tudo vale neste mundo. E se Cristo morreu, foi também para mostrar que nem tudo vale e que para tudo há algum limite, o que é válido também para o PT.
Duke

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pela Revolução!

Tema importante para a esquerda Brasileira, definirmos o tipo de Revolução que queremos se torna fundamental neste período de transição eleitoral.

É consenso para todos que um futuro mais justo e promissor passa por um socialismo democrático e de massas. Apesar disto, muitos criticam o Partido dos trabalhadores, que se propôs a seguir nesta empreitada adotando o socialismo em etapas, mas não propoêm nada, em resoluto, de diferente do PT.

Os que se invocam a "Esquerda Brasileira" afirmam que a “Era Lula” não passou de um engodo onde o partido se aliou com a burguesia e manteve o sistema democrático burguês, traindo os que escolheram o LULA. Acharam como "solução" romper com PT e criar o seu próprio conglomerado de disputa do poder estatal, afirmando que agora, se eleitos, farão diferente.

Não percebi em nenhum dos poucos mandatos que possuem, sinal de rompimento com a classe burguesa nem com a ordem pseudo-democrática. Pelo contrário, vi o aproveitamento da máquina estatal, comum aos que dela se utilizam, funcionários fantasmas em gabinetes, amplas concessões para emendas no orçamento de execução, enriquecimento em causa própria nas custas do bem público.

Assim, os que criticam o partido, não buscam o rompimento imediato do sistema e o avanço para o Socialismo, buscam apenas o enfraquecimento do PT e a análise metódica dos seus erros para nestes se fortalecerem.  Meros “Esquerdistas”, tão criticados e combatidos por Lênin no início do século passado.

Neste País de dimensões continentais, o socialismo não pode ser imposto. Na Europa a dialética histórica se deu em séculos e com inúmeros confrontos. Além disso, o crescimento do capitalismo bancário, o aprofundamento do liberalismo,  a crise do capital e por fim o paradigma do bem estar social,  não serviram para sustentar  a Revolução.

No Brasil, a história destes acontecimentos é recente. O Paradigma do bem- estar social foi consagrado recentemente por nossa Carta Política em 1988. O liberalismo veio fortemente há  apenas 10 anos com o Estado mínimo de FHC. O Capitalismo e as relações de consumo já existiam, impostos pelo imperialismo americano que agiu muito na América Latina dos ditadores e que piorou a situação. Somados estes fatores, tudo se convergiu para a “salada” que hoje vivemos e que não sustenta um socialismo permanente.

Falar de rompimento do sistema burguês agora, seria suicidar o Socialismo antes mesmo dele existir. Seria pedir para não aproveitarmos a história fazendo as reformas que precisamos na democracia burguesa e assim estabelecermos bases para romper com o capital. Marx na carta sobre o programa de Gotha concordava categoricamente com esta visão quando escrevia aos dirigentes do partido Alemão afirmando a necessidade da realização de acordos com a burguesia que visassem os objetivos práticos do movimento e que não desvirtuasse m os princípios socialistas nem nossas concepções teóricas. Lênin ja criticava o dogmatismo, e combatia o esquerdismo, abrindo portas para usarmos a democracia burguesa em favor de nossa classe e prepararmos o povo e a economia rumo ao socialismo que queremos.

Portanto, o governo Lula, em 2003, após ter tomado posse, não tinha outra escolha a não ser a hoje praticada. Mesmo sendo um governo contraditório, não poderia caminhar para o socialismo num País sem reservas internacionais, com o Estado inoperante e incompetente, com o serviço público sucateado, o ensino que sequer supria necessidades agrárias, uma população marginalizada socialmente, pobre, vertiginosamente desempregada e sem poder de compra.
Como fazer um socialismo assim? como ter alguém preocupado com a revolução se nem a comida do seu filho se tem? é preciso inserir o  Brasileiro no mercado, resgatar sua dignidade para depois juntos, fazermos a Revolução. 

O Socialismo não pode ser imposto por mero capricho dos esquerdistas. Aliás, a aposta da burguesia (e dos que romperam com o PT), era exatamente a de que Lula romperia com o sistema atual e naufragaria a utopia socialista de vez, levando o país a bancarrota, estagnação e forte depressão social e assim sob o desespero e com os movimentos sociais desorganizados, “aparecesse um alguém para salvar o Brasil”, apoiado por toda a população, mas criado pela direita e pela elite reacionária que até então, detinha o poder.

Ainda bem que deu errado o plano da Direita. Que bom que a democracia do partido, expurgou os esquerdistas e favoreceu um plano de governo que pudesse dar sustentabilidade e base para no futuro, o sonho petista poder ser implantado.

Que nesta eleição, Dilma possa ser empossada pela população e garantir nosso socialismo por etapas, mais demorado, mas que muda de fato, hoje e agora, a vida do Brasileiro  e proporcionando uma sociedade mais justa e igualitária.

domingo, 13 de junho de 2010

O esquecimento do Ser.

Para cumprir a rotina de postagens quinzenais, Aqui Vamos lá... (Essa falta de tempo ainda me mata.)

Gostaria de analisar um tema pouco abordado em nossa humanidade - o seu avanço. Em pleno século XXI, caminhamos fortemente no desenvolvimento de novas ciências e tecnologias, mas, não conseguimos avançar com a mesma velocidade quando o assunto é o ser humano.

Seja pelo advento da Revolução Industrial ou pelo avanço do Capitalismo, nossa sociedade tem cada vez mais caminhado para o isolamento. O próprio John Donne no século XIX já se via preocupado com o isolamento da humanidade ao afirmar que nenhum homem é uma ilha isolada.

A globalização não cumpriu sua promessa de integração social, muito menos de fortificação das pessoas, pelo contrário, apesar de ter aumentado exponencialmente as relações econômicas entre países e homens, esta, proliferou fortemente pensamentos como o de que “tempo é dinheiro” do Sr. Benjamin Franklin. Assim, as pessoas na sua busca por dinheiro, se viram intrinsecamente ligadas a sua ascensão pessoal e se tornaram cada vez mais confusas, individuais e isoladas.


A promessa de que dinheiro traz felicidade se mostrou um engodo. Nunca tivemos tantas doenças da "alma" como stress, depressão, solidão, pânico, desolação.
O preço deste progresso calculado em números é a exclusão dos que estão fora da lógica de mercado, o aprisionamento e frustração da alma e a inversão de valores.
O homem, ao se pautar neste sistema "político-econômico-social" baseado na méritocracia e no pagamento de dinheiro pela produção, coloca de lado o único aspecto que o diferencia do animal - a capacidade de raciocinar e se inter-relacionar.

Quando avançamos em nossas relações econômicas onde a lógica final sempre é o lucro, esquecemos de nossa capacidade única de se integrar com os outros de nossa espécie, pois, tornamos o homem mero adquirente de produto. O ser humano deixa de ser causa e se torna fim. Ele já não mais é homem, apenas número. Não mais se integra, formaliza contratos.

O capitalismo é implacável, não quer saber dos aspectos físicos, econômicos e psicológico do homem, quer lucrar. Assim se preciso for, esquecerá da pessoa humana para recuperar seu capital. Vemos todos os dias pessoas que se suicidam por estarem insolventes e devedoras, que assassinam por dinheiro, que marginalizam os que não são de sua classe, que não se preocupam com a humanidade.

Culpa deles? Não. É a lógica do Capital que torna o homem egoísta, mesquinho e preocupado consigo.  O sistema do lucrar para viver pois só assim é possível, leva as pessoas a tomarem atitudes inerentes a sua vontade.O  instinto do homem, sempre tenderá para colocá-lo  primeiro do que o outro no estado de necessidade, no mundo capitalista  é ou lucro e próspero, ou divido e “quebro”.

Essa concepção de lucro e consumo precisa ser mudada se quisermos resolver o principal problema do homem moderno – a inserção dos excluídos e marginalizados, na sociedade, o resgate do ser, e o fim do mercado capitalista que subjetiva o homem e o torna número, mercadoria, factóide.



                                                                                                                                        Pedro Luiz